Na minha opinião, o uso de drogas para aumentar a capacidade criativa é uma falácia. Acho que há dois tipos de pessoas neste assunto: os que atingem as ideias com o exercício de pensar, e, os que só chegam lá com drogas (ou pelo menos assim acreditam).
É certo que drogas como o lsd despoletam em nós uma imensidão de imagens magníficas que por vezes até ficamos surpreendidos com a beleza das coisas que nos passam com a cabeça. Por exemplo, um produtor de trance sob o efeito de drogas consegue criar uma tema daqueles que arrasam o dancefloor e tornam-se clássicos. Ora, isso é muito bonito. Mas não seria de maior valor se o tivesse feito baseado na sua sensibilidade em estado de lucidez? Não seria mais louvável se ele tivesse pensado, arquitectado, modelado, desconstruído o tema baseado na sensibilidade que a sua lucidez lhe proporciona?
Quando uma pessoa anda muito tempo de muletas, quando decidir voltar a andar normalmente, vai ter dificuldade em caminhar porque habituou-se à ajuda da muleta. E no processo criativo é igual. Se nos habituamos a usar drogas para criar, há-de chegar a altura em que já não conseguimos fazê-lo por nós próprios. Sim porque, menos neurónios não é definitivamente, sinónimo de mais BOAS ideias.
Meus amigos, seria hipócrita se não confessasse que fumei um de erva há meia hora atrás e estou a fazer um trabalho de animação 3D, que obviamente exige criatividade. Mas não fumei para conseguir boas ideias. Aliás, até sabe bem. Trabalha-se mais relaxadamente, não é verdade?
Por isso, estou só a alertar para que nunca desistam de pensar por vocês próprios, apoiando-se na vossa sensibilidade e imaginação.
Todos podemos ter ideias luminosas. Mas essas raramente surgem espontâneamente como a Arquimedes. Por detrás de uma obra-prima está sempre uma grande dose de pensamento e suor.
Por isso não se habituem a usar drogas para criar.
Use your brain.