Para quem tiver estomago: "Old Boy", filme coreano, grande prémio do júri no festival de Cannes.
"Old Boy" adapta uma "manga" japonesa, e conta a história de um homem de família que esteve encarcerado 15 anos num quarto de hotel (ele não sabe porquê, nem o espectador) e que uma manhã (ele não sabe porquê, nem o espectador) se vê na rua, a receber mensagens do seu torcionário no telemóvel, propondo-lhe o jogo de descobrir o responsável pela sua infelicidade.
Mas é difícil jogar. "Old Boy" é filmado com as tripas, quer pairar num universo alternativo, de loucura e grotesco (e remendos de psicanálise), sem os embaraços da verosimilhança. Pode, no entanto, deixar o espectador entregue aos seus próprios pensamentos: a energia em exibição poderia ser justificada por mil e uma narrativas, não por aquela que é proposta. Perante o império do aleatório, desiste-se, embora a espaços se seja sobressaltado - há uma cena em que a personagem come um polvo vivo; o intérprete jurou que era verdadeiro.
Estou a ficar fã do cinema coreano. Já agora vejam também "A tale of two sisters"