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Olá! Já há algum tempo que tinha andado à procura, sacado e visto este documentário. Agora, reparei que ele está desde 2002 na integra disponível no youtube, e voltei a revê-lo. Quando comecei a ouvir e a ler sobre a historia dos Weatherman a princípio fiquei um pouco confuso, não sabia muito bem o que pensar. A primeira ideia é que a violência só gera mais violência, e que não é forma de combater guerra. No entanto, deixei-me abrir a outra perspectiva: o início desta segregação do SDS foi no fim da década de 60, milhões e milhões de pessoas do "peace movement" tinham feito muito e nada tinha acontecido. Manisfestações com milhões de pessoas não sensibilizavam os líders. Havia uma urgência em mostrar aos americanos o que era a violência, o que era a destruição: quando se vê tantas imagens de guerra na TV ficamos desconectados, "aquilo" tanto pode ser verdade, como pode fazer parte de um filme (tal qual como hoje os ataques bombista, sempre que ouvimos a notícia de mais um - é isso mesmo, só mais um.) Os Weatherman nunca provocaram morte a terceiros, as únicas vítimas foram 3 membros do próprio grupo no rebentamento acidental de uma bomba [há o caso do assalto de Bricks que apesar de ter tido cúmplices ex-weather está relacionado com outra organização, o M19CO] . Os atentados que eles fizeram foram sempre a edifícios públicos onde verificavam meticulosamente que não haveria ninguém por perto que pudesse sair lesionado do rebentamento. Não eram "home terrorists", a intenção não era matar ninguém. Era sim despertar a atenção da américa do que era a violência, era mostrar o que os próprios americanos estavam a fazer no Vietnam, onde mataram cerca de 5 milhões de pessoas, onde civis eram mutilados, estropiados, violados, e mortes, sem dó. Fui dar uma vista de olhos nas biografias dos principais líders do movimento, e todos eles são e sempre forem cidadãos activos, tendo papeis importantes na educação, direitos fundamentais e liberdade. Por exemplo Bill Eyers em 68 foi parte fundamental na criação da Summerhill School na sua comunidade, parte do "free school movement", em que o objectivo não era tornar os alunos competitivos entre si mais fomentar a cooperação. Aos 21 anos foi nomeado director dessa escola. Entretanto, depois de se ter entregue à justiça depois da guerra ter terminado, tem tido um papel activo na reforma da educação na América, sendo considerado em 2008 cidadão do ano e condecorado pelos seus trabalhos no âmbito da educação. Fez-me pensar que nem tudo é linear, aliás, nada é linear. Se alguém tiver oportunidade e paciência de ver o documentário todo e vontade de comentar, era fixe.. http://www.youtube.com/watch?v=LV7GSff4fIA
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Eu quase todos os dias me lembro dos sonhos, às vezes não me lembro logo quando acordo mas durante o dia se estiver com pessoas com que sonhei ou situações que me remetem para o sonho lembro-me perfeitamente ao pormenor. No entanto a semana passa aconteceu-me uma coisa que nunca me tinha acontecido: estava a sonhar com alguém que me é próximo e que morreu e a meio do sonho eu ganhei consciência que estava a sonhar, no entanto não ganhei qualquer tipo de controlo, lembro-me simplesmente de lhe dizer "fico triste de isto ser só um sonho e eu decaminho acordar" e de olhar para ele e ele não ligar puto ao que eu disse e eu sentir-me meio impotente.. LOL
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Aerogel, mas achas que são as drogas que criam os efeitos? Então e aquelas pessoas que têm sinestesia desde que nascem, que os sons estão associados a cores, ou que as letras estão associadas a cores? As "drogas" possibilitam o cérebro experienciar, não criam a experiência. Sonriz, também não podes acreditar em tudo só porque te dizem que é assim, tens de ter algum pensamento crítico. Essa do estar desde as 7 sem comer é fácil, tenho uma conhecida que entra todos os dias de manha, e na ideia dela de poupar tempo só ingere alimentos quando chega a casa, ao fim do dia. Nem pequeno almoço, nem pausa para almoço..nada.. Agora, alimentar-se meramente da "energia" (seja lá o que isso for)? O que é isto? É o Sha la la..
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Liquido, obviamente que encurta, mas quando se discute algo que se sente/experiencia é díficil medir para depois comparar. Era ridículo estarem duas pessoas a discutir se uma terceira já sentiu o amor, ou se o amor que ela realmente sente (não o que demonstra) é grande ou pequeno, se ela tem legitimidade ou capacidade ou não para o sentir, ou tecer formulaçoes que ela nunca era capaz de experienciar porque nunca teve parceiro/a. É uma área complexa demais para serem outros a dizer o que nós experienciamos.
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Acho que é preciso diferenciar do que se está a falar, se é dos efeitos físicos/psicológicos (alucinações e pseudo-alucinações, sinestesias, dissolução do ego, compressão e distensão do tempo, etc..) ou se falamos dos efeitos que estas experiências podem ter após ela ter terminado, como o boom de perspectivas diferentes a que se tem acesso, capacidade de pensar muito mais no abstracto, capacidade de questionar o que até então era um dado adquirido, capacidade de nos abrirmos aos outros, etc.. Acredito que tanto a experiência psicadélica como a experiência "pós-psicadélica" pode ser experiênciada por qualquer um e pode ser despoletada por qualquer outra experiência, sem haver o envolvimento de uma substância externa que altere a composição do organismo, Eu acho muito redutor dizer que não é possível alguém experienciar o efeito de transformação que as drogas produzem sem as tomar, simplesmente porque cada um vive com o seu próprio cérebro e com as suas próprias experiências. Eu pelo que já li sobre neurologia e neurociência acho perfeitamente possível haverem pessoas que têm os mesmo efeitos que se têm com, por exemplo, psicadélicos. O cérebro é mesmo muito complexo, e a complexidade com que se forma a consciência (que inclui perspectivas, sentimentos, emoções, razão, etc..) depende não só das experiências que temos desde que nascemos mas também da composição química do nosso cérebro (que determina a maneira como analisamos e integramos essas experiências) - e esta composição é afectada não só pela pré-disposição genética, mas também pelos próprios orgãos reguladores dos neuroquímicos do cérebro e pela própria experiência que se viveu e vive). Ou seja, é tudo muito complexo (que até hoje nem é bem compreendido) e é tudo muito variável. A realidade que cada um vive é mesmo muito distante e eu acredito que a maioria das pessoas se esquece deste facto porque utilizamos uma linguagem comum para comunicar. Amor ou dor não são a mesma coisa para duas pessoas diferentes, no entanto podem utilizar as mesmas palavras para as descrever - as palavras são limitadas, os sentimentos e perspectivas não. Os lugares inacessíveis que muita gente dizem ser sem drogas, podem estar disponíveis para outrem desde a nascença. Agora, não sei se é a Sonrinz, o Dalai Lama ou alguém...cada pessoa de certeza consegue ir pelo menos a um lugar que outros têm mais dificuldade em entrar. É muito difícil falar de realidades ou de experiências quando só temos um X nº de palavras. Quando eu penso A, digo B para vocês perceberem, vocês lêm B e pensam C. E andamos nisto.. Quanto ao efeito físico, obviamente que é possível. Quando se toma psicadélicos não se alucina verdadeiramente (esse efeito esta reservado aos delirantes, tipo datura), têm-se pseudo alucinações - no entanto o cérebro com um bocadinho mais de febre, ou com uma infecção que prolifere no organismo pode ter alucinações verdadeiras, como se de um esquizófrénico se tratasse - ou seja, o mecanismo de alucinar e distorcer é uma função "conhecida" do cérebro. Depois, o efeito placebo, que pode ir desde uma mulher acreditar que está grávida e o corpo adaptar-se (desenvolver estruturas físicas e mentais e uma grávida) mesmo não havendo feto, até a uma profunda alteração da consciência se acreditarmos que ela vai ser alterada. No entanto, nem toda a gente que pensa que está grávida vai ganhar leite nas mamas e lhe vai parar a menstruação, depende sempre experiência interna e externa da pessoa.. No livro Pihkal o Dr. Sulgin conta duas estórias interessantes, a primeira é quando ele está na Marinha praí com 19 anos e depois de ter feito um corte profundo na mão o médico lhe dá um copo com um liquido e diz-lhe " este é o soporífero mais potente que existe, depois do primeiro golo vais perder a consciência". Ele bebe, cai para o lado, e mais tarde o médico diz-lhe que era água com açucar - foi aqui, diz ele, que ele percebeu a grandiosidade do cérebro. A segunda passou-se nos anos 70, a mulher dele Ann tomou um composto inactivo (o mesmo que tomar água com açucar) e passou uma semana completa num estado completamente alterado, como de uma longa trip se tratasse, e ao fim de uma semana todos os efeitos se dissiparam, sem nenhum "antídoto" - de notar que aquandop esta experiência ela já tinha tido centenas de experiências, digamos "hardcore", como DOM, DOI, DMT injectavél, etc.. ou seja, forma de comparação não lhe faltava e NÂO, Não havia hipotese que haver resquícios de drogas no cérebro (a gota de ácido no cérebro é um MITO!). No entanto, não desvalorizo em nada as experiências com substâncias, aliás, pelo contrártio, é um tema que me fascina imenso. Pode ser um óptimo catalizador para quem tem mais dificuldade em aceder a certos estados ou para entender o funcionamento do cérebro ou das próprias experiências.
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Fui ver ontem! Um filme muito criativo, uma fotografia fantástica e uma interpretação muito boa. No entanto, nada de novo. Estava à espera de ser surpreendido, e não fui..
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Eu sou da opinião da Sonriz. O cérebro é que "produz" toda experiência de aprendizagem que se tem quando se toma substâncias, estas são um mero estimulo. A maioria dos psicoactivos são produzidos endogenamente pelo próprio cérebro, não são propriamente substâncias alienígenas. Aliás, se fossem muito diferentes dos nossos neurotransmissores nem efeito fisiológico teriam. Acredito que a "clarividência" que se pode adquirir com algumas substâncias advém principalmente da capacidade de integração e análise da experiência do que do teor da mesma, e pelo que reparei até hoje essa capacidade está presente em muitos seres humanos que nunca consumiram drogas. As substâncias são um mero catalizador. Há pessoas que simplesmente não precisam.
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Muito, mas muito bom! É tão fixe quando apanhamos uma série fixe a meio e podemos ver tudo de atacado! Parabéns psiconauta!! ;D
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"O Problema do Álcool de Miguel Esteves Cardoso Em Portugal, a única maneira de combater a droga é com vinho. Um bêbado é sempre mais social que um heroinómano. Dá trabalho a mais pessoas. O dinheiro, em vez de ir parar às mãos do vil traficante, regressa às caves do bom Abel Pereira da Fonseca. Um bêbado diverte as pessoas tristes que precisam, do alto das suas janelas, no tédio nocturno das vielas, de um motivo de escárnio, distracção ou opróbio. Os bêbados dão bons sketches de cinema. Os bêbados fazem parte da nossa cultura. A heroína não tem nada a ver connosco. A cocaína é um hábito sul-americano que, de qualquer modo, é demasiado seventies para os dias de hoje. O LSD é um devaneio é um devaneio ianque para músicos pretendidos. O haxixe é uma mistela de Mouros. A liamba é uma friquice de Luanda. Os comprimidos são para matronas inglesas à beira do suicídio e do supermercado. Português é o vinho e todos os seus derivados. Cada um com o seu efeito especial. Uma pedrada de jeropiga é diferente de uma pedrada de tinto Ferreirinha 1980. Há maior variedade de álcool do que drogas rascas e caras. (...) As drogas pesadas só entraram nos países latinos por descuido. Repare-se que, em todos os casos, são originárias de países onde não há um vinho decente. Sem essa bênção, esses pobres estrangeiros, desde os Tibetanos aos Bolivianos, tiveram de inventar alternativas. Jamais se inventaria o ópio em Borba. não faz sentido cultivar papoilas no Alto Douro. Em Saint-Emilion, ninguém se lembra de fumar um charro -até porque altera o sabor do vinho." O escritor português Miguel Esteves Cardoso, em "O Problema do Álcool"
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http://www.youtube.com/watch?v=X2DPKLRBuio Um vídeo de uma entrevista a Patricia Churchland, penso que serve de complemento..
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Boas! Quando referi a solidão lembrei-me até de um naco de prosa que li n' "As portas da percepção" de Aldous Huxley: "Vivemos, agimos e reagimos em conjunto mas sempre e em todas as circunstâncias estamos sós. Os mártires entram na arena de mãos dadas mas são crucificados sozinhos. Abraçados, em vão os amantes tentam desperadamente fundir os seus êxtases isolados num único transcender do eu. Pela sua propria natureza, todo o espírito que assume forma copórea está condenado a sofrer e a desfruir na solidão. As sensações, sentimentos, percepções e fantasias são todos privados e, excepto por via dos símbolos e indirectamente, incomunicáveis. Podemos partilhar informação sobre experiências, mas nunca as próprias experiências. Da família à nação, todo o grupo humano é uma sociedade de universos insulares.A maior parte dos universos insulares são suficientemente semelhantes entre si para permitirem uma compreensão por inferência ou mesmo uma empatia ou um "sentimento" mútuos. Assim, ao recordarmos os nossos próprios infortúnios e humilhações, podemos contristar-nos com outras pessoas em circuntâncias análogas, podemos colocar-nos (sempre num sentido algo figurado, evidentemente) no seu lugar. Mas em certos casos a comunicação entre universos é incompleta ou mesmo inexistente. A mente é o seu lugar, e os lugares habitados por insanos e pelos excepcionalmente dotados são tão diferentes dos lugares habitados pelos homens e mulheres vulgares que um terreno comum da memória que possa servir de base para a compreensão ou sentimento mútuos é assaz limitado ou inexistente. As palavras ditas não são esclarecedoreas. As coisas e os acontecimentos a que os símbolos se referem pertencem a domínios da experiência que se excluem mutuamente." Não se deixem confundir pela palavra "espírito" que está ali no meio, na verdade este tema é delicado devido às palavras que se usa e ao significado que cada uma lhe dá. Quando eu digo que não acredito que haja espírito é porque não acredito que a consciência exista e sobreviva para além do corpo, que tenha autonomia para que, depois do corpo morrer, ela permaneça com as memórias, sentimentos, prespectivas, etcc. Para mim a consciência é um mero reflexo do funcionamento do cérebro. Faço a analogia a uma "pilha de daniell" : são dois elementos, o zinco e o cobre, que separados são dois metais inertes (e analogamente representam as proteínas, aminoácidos e todos os compostos do cérebro) mas que ordenados e conectados de uma certa forma podem gerar um tipo de energia que poderá ser utilizada para outro tipo de funções (que neste caso seria a consciência). Quando desmontamos a pilha essa energia deixa de existir tal como existia aquando o funcionamento da pilha. Para mim é o mesmo que se passa na consciência e no cérebro, em nada acho o ser humano especial e diferente! A matéria de que feito o ser humano em nada difere da matéria do resto da matéria presente na natureza: o cobre que circula no nosso metabolismo em nada é diferente do cobre que esta num cabo eléctrico, o carbono presente nos nossos neutrotransmissores em nada difere do carbono presente no aço, etc... São materiais que conjugados com outros podem apresentar propriedades completamente novas, terem características completamente diferentes da origem e que, quando desordenados e rompidas as ligações, voltam a ser o que eram - simples moléculas ou átomos. A vida é uma dessas "propriedades", bastante mais complexa que as outras, mas no fundo não passa disso.. Um ser vivo na verdade é um sistema muito complexo, mas não é esta complexidade que "prova" ou "indica" existência de um criador ou de algo superior. Basta perceber que a maior parte dos processos que se processa no ser vivo podemos encontrar noutros sistemas. Por exemplo: o nosso mecanismo de respiração é baseado na oxi-redução, um mecanismo idêntico à formação da ferrugem, a comunicação entre neurónios é feita por DDP (diferença de potencial) - tal como qualquer sistema electrónico, a comunicação entre células e sistema nervoso é feito pela bomba sódio-potássio, que está presente em muitos sistemas hídricos e geológicos. Temos alguns mecanismos diferentes, como poderá por exemplo ser a consciência, mas da mesma forma há mecanismos na natureza inorgânica que nós não possuímos. A consciência tem uma complexidade incrível sem dúvida, incluindo a capacidade de criar uma realidade para o observador. Acredito, no fundo, que esta realidade que nós percepcionamos não é a realidade do REAL, mas sim algo que nos permita sobreviver, nos permita funcionar - algo biológicamente prático. Já foi explicado por vários psicólogos que psicologicamente nós precisamos de uma base sólida de conhecimentos para conseguirmos funcionar enquanto humanos, e as historias do que somos, de onde viemos e para onde vamos é uma peça essencial dessa base. Já foi explicado também que a nossa consciência tem um mecanismo de "tapa buracos", e sempre que há lacunas quer seja no que percepcionamos, no que conhecimento que temos ou no que pensamos este mecanismo preenche esse espaço. Juntando estes dois ultimos pontos "compreendo" a existência de explicações místicas, de deus ou espírito. Por isso disse que é por "estarmos sozinhos" que criamos estas fantasias, estes seres e essências que nos ajudam nos momentos difíceis, ou nos ajudam a explicar o que não sabemos. É isto que me fascina na ciência: apesar de o ser humano não conseguir dizer "não sei", a ciência di-lo sem receios. Deixo aqui também um exercício académico sobre a consciência que encontrei num livro que já li há uns tempos (Nota: dualismo é a teoria que propõe a existência do cérebro físico e de uma consciência idenpedentende deste, ou seja, de uma alma ou espírito) : Patricia Churchland: ...Entre os cientistas contemporâneos há algo mais do que um criticismo pela negativa ao Dualismo. Há razões positivas para acreditarmos que, provalvelmente, o Dualismo está errado. Uma das razões mais importantes tem a ver com a depêndencia entre os estados psicológicos e as mudanças dos estados cerebrais que podemos observar e quantificar. Por exemplo, quando administramos drogas específicas, podemos mudar as percepções de uma pessoa ou mudar a sua capacidade de recordar coisas. Estas observações sugerem haver uma relação íntima entre substâncias químicas particulares, estados psicológicos particulares e estados cerebrais particulares. Com efeito, a relação entre os estados psicológicos e estados cerebrais é provavelmente uma relação de identidade. António Damásio e Larry Squire irão ambos falar sobre lesões cerebrais, casos em que a lesão de certas partes do cérebro interrompe ou muda funções psicológicas, de tal modo que o que as pessoas podem ver ou recordar, aquilo que sentem ou a sua maneira de pensar é alterada. Uma lesão pode mudar a capacidade da visão em profundidade. da visão cromática, etc. Estas mudanças parecem ser muito específicas e relacionadas com estruturas cerebrais localizadas específicas. Uma vez mais, há uma dependência estrutura/função muito flagrante - tão ou tão pouco que não parece necessãrio admitir qualquer outro agente, tal como uma alma ou um espírito imaterial. É como se a única coisa necessária fosse este cérebro maravilhosamente complexo e deslumbrantemente organizado. Para dar outro exemplo relativo à depêndencia entre o cérebro e a mente, consideremos a estimulação eléctrica. Durante uma cirurgia cerebral, quando o cérebro de um paciente esttá exposto, o cirurgião pode ter a necessidade de testar e identificar funcionalmente certas estruturas cerebrais para localizar áreas sensoriais ou motoras específicas, descobrindo-as a partir das suas reacções respectivas a estímulos eléctricos. Graças a sofisticados eléctrodos e a uma fraca corrente eléctrica, certas partes precisas do cérebro foram exploradas desse modo em muitos pacientes. Isto dá-nos um exemplo flagrante de uma dependência que foi mais exaustivamente estudade em animais, particularmente em estudos feitos com primatas. Quando uma determinada parte do cérebro é estimulada, o paciente pode sentir-se incapaz de expressar certas palavras que gostaria de pronunciar, pode recordar inesperadamente memórias muito precisas que lhe vêm de um passado remoto ou ouvir uma velha canção popular. Ora, se housesse uma alma, poderíamos interrogar-nos como poderia uma corrente eléctrica produzir esses efeitos. Será que a alma intervém de alguma maneira nos pontos de estimulação? Não parece plausível. Sabemos também que certos acidentes internos ou externos afectam o tecido cerebral, provocando uma desorganização difusa ou localizada, ou mesmo uma degeneração generalizada do tecido cerebral, que estão associadas a uma variedade de efeitos psicológicos específicos. Uma vez mais, existe notória correspôndencia entre a localização e a distribuição dos danos cerebrais e o tipo de disfunção ou de degeneração das funções psicológicas, com perda de faculdades perceptivas, emocionais, discernentes e comportamentais. A perda das faculdades visuais, de linguagem ou de memória estão entre as mais instrutivas. Se se der o caso de haver um consciência independente do cerebro e que pode partir do cérebro no momento da morte, essa consiência será suposta levar consigo as memórias que essa pessoa possuía. Mas, quando o cérebro e a memória correspondente se deterioram no momento da morte, ou se o cérebro degenera muito antes da morte e ,consequentemente, a memória declina muito antes do tempo, como conserva a alma, ainda assim, as memórias intactas? Como o explica? (Na psicologia budista, as memórias são armazenadas no espírito. Os processos mentis que dependem o cérebro para trazer essas memórias à consciência podem ser comprometidos por uma disfunção cerebral, mas essas memórias podem ser recordadas num vida futura.) Suponha ainda que um dado cérebro na degenerou antes da morte ocorrer. Se as memórias estão codificadas no cerebro em consequência do modo como certos neurónios interagem, mudam de forma e estabelecem circuitos únicos, como pode isso ser gravado, transportado ou levado pelo espírito ou alma imaterial? Como podem essas mudanças de ultraestruturas físicas elaboradas, das quais depende a memória, e os tipos precisos de dinâmicas estruturais que o cérebro experimenta sempre que se lembra de algo, relacionar-se com uma alma imaterial? Como seriam trasnferidas essas mudanças para a alma de modo que, após a morte, ela possa guardar as memórias? Como poderá isso ser possivel, digamos, em doentes com o cérebro em degeneração, incapazes de se lembrar onde nasceram, o que fizeram ontem ou que são os seus filhos? Estarão as memórias das coisas que fizeram à 10 anos preservadas na alma, mas de momento indisponíveis? Isso não é plausível. Por si só, cada um destes distintos tipos de depêndencia parece persuasivo, e no seu conjunto são constrangedores. Por conseguinte, a hipótese de haver uma alma - a hipótese dualista - não é provável. Na verdade, é altamente improvável. Nenhuma destas demonstrações prova absolutamente que o dualismo é falso. Não penso que alguma vez possamos prová-lo, seja por um pressuposto geral ciêntífico ou de outro genero. Mas tornam, creio, o Dualismo virtualmente impossível. A base de dados sobre vários tipos de dependências é demasiado extensa, pelo que dei apenas alguns exemplos. Creio que outro bom exemplo seriam os defeitos extruturais ou as deficiências funcionais que observamos no cérebro em consequência de erros genéticos ou de interferências com o desenvolvimento. As crianças que nascem de um parto difícil, em que o fornecimento de oxigénio é interrompido, podem ficar com o cérebro muito afectado. Ora, não seria de esperar que uma redução de oxigénio ao cérebro pudesse incomodar uma alma. Se o fizesse, também o faria no decurso do processo normal da morte. Finalmete, há a questão de como a ideia de espírito ou de alma de enquadra no resto da ciência. Aqui, de novo, penso eu, a hipótese dualista não é muito compatível com o resto da ciência estabelecida. Podemos admitir que ninguém pode estar absolutamente certo qye a ciência estabelecida é verdadeira, mas até agora parece-me a melhor coisa que temos, que que, tal como o budismo, esteja sujeita a ser corrigida à luz das provas. A hipótese dualista não se enquadra muito bem com a biologia evolucionista. Numa seuência de espécies animais cada vez mais complexas, abruptamente, olhai e vede, aparecem seres humanos que, ao contrário de tudo o que havia antes, têm uma alma. Este dom repentino é particularmente iverosímil por existirem tantas e tão proximas similitudes, que no material genético, no cérebro ou no comportamento, entre os primatas não-humanos e os humanos e, em conformidade, por não haver qualquer discontinuidade abrupta ao longo da escala evolucionista" Caminhos Cruzados da Consciência, Conversas com o Dalai Lama sobre a ciência do cérebro e Budismo. Colaboração: Patricia Churchland, Ph.D.; António Damásio M.D. ; J.Allan Hobson, M.D.; Lewis L. Judd, M.D.; e Larry R. Squire, Ph.D. Edições Asa. Muito bom tópico! Que saudades do elastik.. )
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Transexuais, o terceiro género.
uber replied to Aerogel's topic in ACTUALIDADE, TRIVIALIDADES, DIVERSÃO & AFINS
Eu namoro há 6 anos mas há dias que curto levar com o strap-on! Sou uma minoria? -
Eu tenho um amigo que não consomem drogas mas usam amplamente a urina como substância medicinal. Aliás, chama-se urinoterapia e já tem milénios! Se conceito "normal" passa por uma utilização ao longo do tempo..sim, é normal. Pelo menos mais normal que usar um pc..
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Deja Vu é um fenómeno psicológico amplamente estudado. Em nada isto prova a existência de espiritualidade ou de "vidas passadas". Deja Vú é um bug do cérebro, que em vez de guardar as memórias do que está a acontecer na memória a curto prazo, guarda-as directamente na memória a longo prazo, fazendo com que a pessoa se sinta estranha e com a sensação que já viveu aquilo algures.. Para mim a espiritualidade é um mecanismo criado pelo ser humano de forma a não se sentir tão sozinho, visto que apesar de vivermos em sociedade, nascemos e morremos sozinhos. Tal qual uma criança abandonada cria um amigo imaginário para entreter e dar força quando é preciso..
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Neste assunto acho que o que acontece é que as minorias sentem uma enorme necessidade de se afirmar, de "ter os seus rituais" afirmados perante a sociadade e isto faz parte do processo de integração. O que se passou com os pretos na américa, de terem TVshows, espaços, roupa, música, etcs.. completamente completamente direccionada faz ainda parte do seu processo de integração. Não esquecer que na américa ainda há menos de 40 anos os pretos eram, de uma forma socialmente aceite, discriminados e segregados da sociedade e ainda passou muito pouco tempo (as pessoas que viveram realmente o racismo ainda estão vivas e passam o seu sentimento à sua prole desde que isto começou a terminar - e ainda não terminou. É normal que estes "espaços" ainda existam mas eventualmente irão ser diluidos quando a questão da raça já nem for tema ou motivo de conversa. Logo, acho que faz parte do processo de integração mostrar e vincar a diferença das minorias perante o que é considerado "normal", o que acontece por exemplo nas marchas LGBT (em que os participantes vão pela rua a provocar a sociedade com o seu "orgulho gay"), na marcha da marijuana (em que a malta vai pela rua a fazer charros e a provocar). É tudo uma forma de chamar a atenção da existência de uma forma de estar na vida e que eventualmente quando essa forma de estar na vida for aceite esta demarcação deixa de existir! Quanto ao Kramer só posso responder o que o Chris Rock disse num show: Os brancos têm 600 anos de avanço, de educação, de boa vida, de direitos e relagias. "Deixem-me" ir aproveitando..