Pelo que sei do Boom de 2004 este parece-me ter sido muito mais bem pensado e mais virado para a parte ecológica.
Cheguei no dia 1 de madrugada e passei dois dias mais calmos que muitos de vocês que só chegaram no dia 3. Foram muito bons e serviram de ambientação ao espaço, às pessoas, ao conceito, ao inglês e à ideia que ia trabalhar! Por isso mesmo só disfrutei do festival a 50% mas não se pode ter tudo e antes assim do que nem sequer lá estar.
Començando pelo ambiente do festival, que para mim é o mais importante, acho que esteve bastante bom tendo em conta o actual estado da cena em Portugal e a quantidade de pessoas de culturas diferentes que se fundiram ali naquela "ilha"durante 7 dias. Pessoas sorridentes com uma mente aberta e dispostas a dar em troca de nada foi o que encontrei durante todo o festival. Claro que todos sabemos que há excepções mas acho que neste caso foram praticamente nulas. Estavamos todos ali para o mesmo e a mensagem que foi transmitida foi essa mesma. "We are one".
Tudo tinha mais impacto de noite. Quem teve a oportunidade de passear pelo Boom como se simplesmente vivesse ali há alguns anos e fosse dar mais uma voltinha a pé depois de jantar sentia-se realmente em casa. Todo o recinto dava a sensação de estarmos numa pequena vila que só aparece num buraco temporal que se abre de 2 em 2 anos durante um periodo de alguns dias e depois desaparece de novo. Todas as ruas estavam iluminadas por mil e uma cores e sorrisos contagiantes.
A Ambient Village foi simplesmente o melhor chill out em que já estive. O excelente sistema de som, a estrutura em bambu, as projecções, o chão forrado a esponja e as luzes davam um ambiente verdadeiramente acolhedor aquele espaço.
Ficaram-me na memória os lives e dj sets de Pedra Branca, Solar Fields, Dymos (alguém me sabe dizer onde posso arranjar qualquer coisa deste senhor?), Gaudi, Kick Bong, Water Juice, Omiq Project, Zen Baboon e Tajmahal. Tive muita pena de não ter visto o live de Chilled C'Quence mas o cansaço já era muito...
O Mainfloor estava bom, simples mas bem decorado e a estrutura em bambu era incrivel (a maior da europa) mas fiquei com a sensação de faltar ali um bocadinho de magia, um toque mais original. Comparando com o Boom que é um evento tão diferente e original pareceu-me demasiado "normal".
Do pouco que vi ficaram-me na memória Commercial Hippies, Rica, Tryambaka e Leptit. Mas tive muito pouco tempo para ir disfrutar verdadeiramente da música e por isso perdi grande parte do que queria ver. Higlight Tribe, Penta, Tajmahal... O progressivo da parte da tarde foi um dos pontos mais positivos do Boom, adorei muitos dos djs e lives que por lá passaram e que apesar do progressivo ser um estilo de som que nem todos gostam acho que veio mesmo a calhar.
Não consegui ver uma unica actuação no Sacred Fire e estou mesmo arrependido por não ter lá dado um salto mas o tempo era tão escasso que simplesmente não se proporcionou. Era um dos meus sitios preferidos em todo o festival.
Passei algum tempo na tenda do calendário Maia a ouvir o Paradox e este foi sem dúvida um dos meus sitios de eleição. Quem o ouviu com atenção sabe ao que me refiro.
Passei uma unica vez pela Inner Visions Gallery e gostei dos quadros no geral mas tive pena de não ter arranjado uns óculos 3D para poder vê-los como deve ser. <_<
A Liminal Village era dos sitios que mais expectivas mas acabei por passar lá duas vezes durante breves instantes e seguir caminho. Os documentários que lá passaram eram bastante interessantes e vou mesmo ter que os arranjar em dvd porque lá simplesmente não tive tempo para a parte cultural.
Este foi um festival de pormenores e os pormenores contam, e de certeza que me escaparam muitos. As casas de banho ecológicas, os chuveiros com sistema de poupança de água, o sabonete presente em quase todas as torneiras e principalmente os espaços e equipes especializadas em várias áreas relacionadas com drogas desde bad trips a informações e testes. As projecções sobre a água, as projecções no portal de entrada, o balão de ar quente e os paraquedistas que dele saltaram e principalmente a EcoTeam que fez um trabalho incrivel. É muito raro ver um festival desta dimensão praticamente todo limpo. Todos os pequenos detalhes juntos é que criaram este puzzle que foi o Boom 2006.
Considero o Boom uma experiência principalmente de partilha e exploração pessoal e o que retirei de mais positivo nos 10 dias que passei naquela "ilha" foram os elos de ligação que criei e fortaleci com todos os amigos com quem estive. 10 dias no Boom parecem 10 meses na vida real, é sem dúvida uma experiência bastante intensa.
ps. não falei dos pontos negativos mas há alguns a apontar. O tempo de espera para entrar, o preço irreal da água e o facto de só as pessoas que lá trabalhavam terem direito a garrafas de litro e meio e as atitudes menos boas de alguns seguranças...