Oink Posted January 12, 2007 Share Posted January 12, 2007 Mais do que poeta, Fernando Pessoa foi um astrólogo que desenhou o mapa astrológico de diversas figuras, incluindo o dos seus heterónimos. Na sua “cabeça multifacetada organizou claramente todo o espólio da obra que queria publicar”, talvez por buscar a perfeição e por acreditar ter sido D.Sebastião numa outra vida. Apesar das teorias que associam a ingestão de absinto e o facto de fumar ópio ao génio do autor, o astrólogo e escritor Paulo Cardoso acredita que Pessoa é um ser repleto de ideias esotéricas e foi por isso que se dispôs a estudá-lo. Foi o resultado desse estudo que apresentou na Biblioteca Municipal de Sesimbra, no passado dia 6 de Janeiro. Dos quase 27 mil documentos que constituem o espólio de Fernando Pessoa, cerca de 2.700 referem-se à Astrologia e a outras áreas das Ciências Ocultas. Os últimos foram alvo de uma análise profunda feita por Paulo Cardoso, um dos astrólogos mais reconhecidos a nível nacional e que descobriu que a obra pessoniana é bem mais mística do que se poderia imaginar. Fernando Pessoa ficou bastante marcado pelos seus heterónimos, Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos, que mais do que meros pseudónimos foram a invenção de personagens completos, com uma biografia própria, estilos literários diferenciados e com mapas astrológicos específicos. Muitos apelidam essa capacidade de esquizofrenia, de psicografia, de jogo poético ou de golpe de génio, mas Paulo Cardoso vai mais longe e defende que o poeta queria apenas atingir a perfeição. “Pessoa era Gémeos e tinha o ascendente em Escorpião. Ele queria ascender aos céus e desenvolver as características dos 4 elementos, a Terra, a Água, o Ar e o Fogo. Foi por isso que criou os heterónimos, cada um com o ascendente associado a um dos elementos”, defendeu o astrólogo. Caeiro assassinado Ricardo Reis era um erudito, um defensor dos valores tradicionais e de escrita rebuscada. Os seus poemas, de tom alegre e entusiástico pareciam cantados pelos gregos, ao som de cítaras ou de flautas. A poesia de Álvaro de Campos viveu três fases distintas. Começou por ser influenciado pelo decadentismo simbolista, depois pelo futurismo e por fim escreveu poemas pessimistas e desiludidos. Alberto Caeiro escrevia de forma simples e limitada, como um camponês pouco instruído. O autor era inimigo do misticismo e tentava abordar os seus temas com toda a lógica. Pessoa indicava que o célebre “Guardador de Rebanhos”, a grande obra de Caeiro, teria sido escrita de um só fôlego, na noite de Março de 1914, “mas não foi”, contestou Paulo Cardoso. “Fernando Pessoa diz que O Guardador de Rebanhos foi escrito nesse dia porque fez um cálculo astrológico” da personagem inventada e tendo em conta o seu mapa, 8 de Março “era o dia em que Alberto Caeiro faria a sua obra-prima”. De acordo com o astrólogo, este heterónimo era do signo Carneiro, o que se pode compreender por ser um “guardador de rebanhos”. Caeiro, um amante da natureza, acabou por ser vítima de um problema de pulmões mortal, “porque era regido por Mercúrio e tinha de morrer assim”. Pessoa fez o mapa de Caeiro e calculou o dia em que o Júpiter, associado à morte, substituia o Sol, que representa a vida, “e assim matou o Alberto Caeiro”. Pessoa, encarnado de D. Sebastião A obra que Fernando Pessoa assinou com seu próprio nome está reunida nos volumes Cancioneiro e Mensagem. Conforme um documento do próprio autor, MensagEm resulta da expressão latina “Mens agitat molEm”, que significa “o espírito move a matéria”. A Mensagem é dividida em três partes, Brasão, Mar Portuguez e O Encoberto. Na opinião de Paulo Cardoso, esta obra reúne um conjunto de simbolismos que evidenciam a personalidade esotérica de Pessoa. “Mar Portuguez” é constituído por 12 poemas e Paulo Cardoso descobriu que cada um se referia a um dos signos do zodíaco. Assim foi esse o nome escolhido pelo astrólogo para uma exposição que realizou na Torre de Belém, na década de 90. Pela exibição passaram milhares de pessoas, entre elas o então presidente da Câmara de Lisboa, João Soares, que se dispôs a subsidiar uma apresentação em vídeo sobre esta temática. Foi esse o vídeo que o astrólogo apresentou em Sesimbra, agora que os direitos da obra deixaram de pertencer à família de Pessoa. Paulo Cardoso escolheu a Torre de Belém por ser a “ilha encantada” de Pessoa. “A ilha estava, há um século, a 200 metros da costa, era envolvida pelo Ar, estava construída em cima de uma ilhota, a Terra, tinha Água em seu redor e uns canhões, que representavam o Fogo”, avançou. Foram várias as curiosidades que o escritor descobriu quando levou a cabo a exposição na Torre de Belém, “um dos pisos é dividido por 28 degraus, o número da Lua, outro por 22, que é o número do Tarôt, e daí para a frente”, explicou, acrescentando que “a Torre mede 36,5 metros o que se refere aos 365 dias do ano, sendo também essa a sua largura”, o que faz do monumento um quadrado, composto pelos 4 elementos e cujo centro é a “essência de Deus”. Essa é a quinta essência e “Pessoa chegou a considerar-se o Rei do Quinto Império”. Defende o astrólogo que o senhor dos heterónimos constatou que o seu fundo-céu, elemento que representa a vida passada, era Aquário, à semelhança do Rei Dom Sebastião, “O Encoberto” desaparecido na batalha de Alcácer-Quibir e aguardado desde sempre como a salvação do povo português, “Fernando Pessoa acreditava ter sido D. Sebastião” e terá mesmo feito “profecias e pesquisas, sempre na dúvida, será que sou eu?”. Para além das profecias sobre a vida passada, Pessoa também fez um estudo sobre a sua morte, “não por ser mórbido, mas por ser prático e saber de quanto tempo ainda dispunha”, explicou Paulo Cardoso que apresentou um documento assinado pelo poeta onde teria escrito “duração da minha vida – fim de Maio de 1935”, data que detectou tendo em conta os momentos que, conforme os astros, seriam os mais frágeis da sua vida. Apesar de ter morrido em Novembro, 6 meses depois do previsto, o astrólogo avançou ainda que esta conta teria sido feita a partir da hora de nascimento constante na cédula de Pessoa, “mas se se tivesse baseado na hora indicada pela avó, cerca de 4 minutos depois, teria descoberto o momento exacto da sua morte”. O outro Heterónimo Às 4 assinaturas de Pessoa mais conhecidas, Paulo Cardoso acresce uma outra, Rafael Baldaia, responsável por toda a matéria de ocultismo do autor. Conforme explicou, “muitos dos documentos eram assinados por Rafael Baldaia, um heterónimo astrólogo responsável pelos 2.700 fragmentos de poesia que eu estudei”. A escolha desse nome terá também fundamentos associados aos astros, “para além de Rafael ser o nome de um grande arcanjo, corresponde também a um livro sagrado e que dantes era essencial para fazer os mapas astrológicos”. Fernando Pessoa terá mesmo feito publicidade em jornais da época, simulando ser um astrólogo, amigo de si próprio, e dando a conhecer os preços por si praticados. De acordo com os registos, a previsão mais dispendiosa seria a de um Horóscopo detalhado, que teria o custo de 5 mil Reis. OS TEMPOS TERCEIRO - CALMA Que costa é que as ondas contam E se não pode encontrar Por mais naus que haja no mar? O que é que as ondas encontram E nunca se vê surgindo? Este som de o mar praiar Onde é que está existindo? Ilha próxima e remota, Que nos ouvidos persiste, Para a vista não existe. Que nau, que armada, que frota Pode encontrar o caminho A praia onde o mar insiste, Se à vista o mar é sozinho? Haverá rasgões no espaço Que dêem para outro lado, E que, um deles encontrado, Aqui, onde há só sargaço, Surja uma ilha velada, O país afortunado Que guarda o Rei desterrado Em sua vida encantada? De acordo com Paulo Cardoso, nesta parte da MENSAGEM, O Encoberto, Fernando Pessoa fala de uma “ilha velada”, que é a ilha onde foi edificada a Torre de Belém e refere-se ao “Rei desterrado”, que será o próprio poeta Eu sou shanti e jogo Mafia Wars Link to comment Share on other sites More sharing options...
pimpas Posted January 12, 2007 Share Posted January 12, 2007 obrigado Oinkinha :kiss: Se queres que a Vida te Sorria, que tal começares por sorrir...?!? Link to comment Share on other sites More sharing options...
M&Ms Posted January 12, 2007 Share Posted January 12, 2007 A Gaija está de volta, que saudades!!! Excelente post! é um dos meus temas predilectos, quando tiver mais tempinho venho aqui atrofia o tópico. "INTERVAL" . ELECTRONIC, CINEMATIC & ACUSTIC AMBIENT http://soundcloud.com/m-ms/interval-origami-sound Link to comment Share on other sites More sharing options...
imigrantilegal Posted January 13, 2007 Share Posted January 13, 2007 Fernando Pessoa é simplesmente genial! Ler os seus poemas (ou livros) é entrar na sua realidade, ver com os seus olhos. Nos versos, que demonstram alguns traços esquizofrénicos, ele faz passar ao leitor a sua "dor de pensar". Talvez fosse demasiado inteligente, e sentia alguma frustração por ser assim. Era como se fosse um escravo dos próprios pensamentos. Os meus preferidos (são tantos, mas estes dois tinha que deixar aqui...): Gato que brincas na rua Como se fosse na cama, Invejo a sorte que é tua Porque nem sorte se chama. Bom servo das leis fatais Que regem pedras e gentes, Que tens instintos gerais E sentes só o que sentes. És feliz porque és assim, Todo o nada que és é teu. Eu vejo-me e estou sem mim, Conheço-me e não sou eu. ---------- Ai que prazer Não cumprir um dever, Ter um livro para ler E não o fazer! Ler é maçada, Estudar é nada. O sol doira Sem literatura. O rio corre, bem ou mal, Sem edição original. E a brisa, essa, De tão naturalmente matinal, Como tem tempo não tem pressa... Livros são papéis pintados com tinta. Estudar é uma coisa em que está indistinta A distinção entre nada e coisa nenhuma. Quanto é melhor, quanto há bruma, Esperar por D. Sebastião, Quer venha ou não! Grande é a poesia, a bondade e as danças... Mas o melhor do mundo são as crianças, Flores, música, o luar, e o sol, que peca Só quando, em vez de criar, seca. O mais que isto É Jesus Cristo, Que não sabia nada de finanças Nem consta que tivesse biblioteca... Link to comment Share on other sites More sharing options...
MataHari Posted January 13, 2007 Share Posted January 13, 2007 Passei toda a noite, sem dormir, vendo, sem espaço, a figura dela, E vendo-a sempre de maneiras diferentes do que a encontro a ela. Faço pensamentos com a recordação do que ela é quando me fala, E em cada pensamento ela varia de acordo com a sua semelhança. Amar é pensar. E eu quase que me esqueço de sentir só de pensar nela. Não sei bem o que quero, mesmo dela, e eu não penso senão nela. Tenho uma grande distracção animada. Quando desejo encontrá-la Quase que prefiro não a encontrar, Para não ter que a deixar depois. Não sei bem o que quero, nem quero saber o que quero. Quero só Pensar nela. Não peço nada a ninguém, nem a ela, senão pensar. Alberto Caeiro Este é o meu preferido! Veni, Vidi, Vici Link to comment Share on other sites More sharing options...
Oink Posted January 14, 2007 Author Share Posted January 14, 2007 "A única atitude digna de um Homem superior é o persistir tenaz de uma actividade que se reconhece inútil, o hábito de uma disciplina que se sabe estéril, e o uso fixo de normas e pensamento filosófico e metafísico cuja importância se sente ser nula." "Tenho que escolher o que detesto – ou o sonho, que a minha inteligência odeia, ou a acção, que a minha sensibilidade repugna; ou a acção, para que não nasci, ou o sonho, para que ninguém nasceu. Resulta que, como detesto ambos, não escolho nenhum; mas, como hei-de, em certa ocasião, ou sonhar ou agir, misturo uma coisa com outra." Bernardo Soares, ajudante de guarda-livros na cidade de Lisboa (outro heterónimo de Pessoa) Livro do Desassossego Eu sou shanti e jogo Mafia Wars Link to comment Share on other sites More sharing options...
Nisha Posted January 14, 2007 Share Posted January 14, 2007 gostava de ter informaxao sobre ricardo reis, um heteronimo de fernando pessoa para um trabalho k estou a desenvolver, algum sabe algo??? poemas dele e descrixao da vida =) muchas gracias familia tribo Ah Yum Hunab Ku Evan Maya e Ma Ho! *Mao Kristal Azul* Link to comment Share on other sites More sharing options...
Natti Posted January 15, 2007 Share Posted January 15, 2007 Ai que prazerNão cumprir um dever, Ter um livro para ler E não o fazer! Ler é maçada, Estudar é nada. O sol doira Sem literatura. O rio corre, bem ou mal, Sem edição original. E a brisa, essa, De tão naturalmente matinal, Como tem tempo não tem pressa... Livros são papéis pintados com tinta. Estudar é uma coisa em que está indistinta A distinção entre nada e coisa nenhuma. Quanto é melhor, quanto há bruma, Esperar por D. Sebastião, Quer venha ou não! Grande é a poesia, a bondade e as danças... Mas o melhor do mundo são as crianças, Flores, música, o luar, e o sol, que peca Só quando, em vez de criar, seca. O mais que isto É Jesus Cristo, Que não sabia nada de finanças Nem consta que tivesse biblioteca... Liberdade! Nisha, qualquer busca @ Google te dará concerteza bastante informação sobre Fernando Pessoa e seus heterónimos... I'm on a mission! Link to comment Share on other sites More sharing options...
Nisha Posted January 15, 2007 Share Posted January 15, 2007 Ai que prazer Não cumprir um dever, Ter um livro para ler E não o fazer! Ler é maçada, Estudar é nada. O sol doira Sem literatura. O rio corre, bem ou mal, Sem edição original. E a brisa, essa, De tão naturalmente matinal, Como tem tempo não tem pressa... Livros são papéis pintados com tinta. Estudar é uma coisa em que está indistinta A distinção entre nada e coisa nenhuma. Quanto é melhor, quanto há bruma, Esperar por D. Sebastião, Quer venha ou não! Grande é a poesia, a bondade e as danças... Mas o melhor do mundo são as crianças, Flores, música, o luar, e o sol, que peca Só quando, em vez de criar, seca. O mais que isto É Jesus Cristo, Que não sabia nada de finanças Nem consta que tivesse biblioteca... Liberdade! Nisha, qualquer busca @ Google te dará concerteza bastante informação sobre Fernando Pessoa e seus heterónimos... ok natti muchas gracias e este k escreveste é ricardo reis? Ah Yum Hunab Ku Evan Maya e Ma Ho! *Mao Kristal Azul* Link to comment Share on other sites More sharing options...
Ganeisha Posted January 16, 2007 Share Posted January 16, 2007 Grande tópico! O pensamento pode ter elevação sem ter elegância, e, na proporção em que não tiver elegância, perderá a acção sobre os outros. A força sem a destreza é uma simples massa. Bernardo Soares- Livro do Desassossego DJ Ganeisha Link to comment Share on other sites More sharing options...
imigrantilegal Posted January 16, 2007 Share Posted January 16, 2007 O poema Liberdade é de Fernando Pessoa (ortónimo) Link to comment Share on other sites More sharing options...
Ganeisha Posted January 17, 2007 Share Posted January 17, 2007 Os sentimentos que mais doem, as emoções que mais pungem, são os que são absurdos-a ânsia de coisas impossíveis, precisamente porque são impossíveis, a saudade do que nunca houve, o desejo do que poderia ter sido, a mágoa de não ser outro, a insastifação da existência do mundo. Todos, estes meios tons da consciência da alma criam em nós uma paisagem dolorida, um eterno sol-pôr do que somos. O sentirmo-nos é então um campo deserto a escurecer, triste de juncos ao pé de um rio sem barcos, negrejando claramente entre margens afastadas. Bernardo Soares-"Livro do Desassossego" DJ Ganeisha Link to comment Share on other sites More sharing options...
Gooyz Posted January 18, 2007 Share Posted January 18, 2007 Pensar em Deus é desobedecer a Deus, Porque Deus quis que o não conhecêssemos, Por isso se nos não mostrou... Sejamos simples e calmos, Como os regatos e as árvores, E Deus amar-nos-á fazendo de nós Belos como as árvores e os regatos, E dar-nos-á verdor na sua primavera, E um rio aonde ir ter quando acabemos!... Alberto Caeiro, em "O Guardador de Rebanhos". http://www.myspace.com/treeshepherdproject http://soundcloud.com/tree-shepherd http://ajnavision.com/ Link to comment Share on other sites More sharing options...
Lunatika Posted January 18, 2007 Share Posted January 18, 2007 A felicidade exige valentia. "Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes mas, não esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo, e posso evitar que ela vá à falência. Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise. Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história. É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma. É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida. Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um "não". É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta. Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo..." Fernando Pessoa Link to comment Share on other sites More sharing options...
Natti Posted January 18, 2007 Share Posted January 18, 2007 Desde miuda (é óbvio que na altura não o entendia bem...) que gosto muito deste poema de Fernando Pessoa (ortónimo): Gato que brincas na rua Gato que brincas na rua Como se fosse na cama, Invejo a sorte que é tua Porque nem sorte se chama. Bom servo das leis fatais Que regem pedras e gentes, Que tens instintos gerais E sentes só o que sentes. És feliz porque és assim, Todo o nada que és é teu. Eu vejo-me e estou sem mim, Conheço-me e não sou eu. Miau... I'm on a mission! Link to comment Share on other sites More sharing options...
pimpas Posted January 18, 2007 Share Posted January 18, 2007 RRRRRRRRRRRRRRRRRRR Se queres que a Vida te Sorria, que tal começares por sorrir...?!? Link to comment Share on other sites More sharing options...
Natti Posted January 19, 2007 Share Posted January 19, 2007 Não sei quantas almas tenho Não sei quantas almas tenho. Cada momento mudei. Continuamente me estranho. Nunca me vi nem acabei. De tanto ser, só tenho alma. Quem tem alma não tem calma. Quem vê é só o que vê, Quem sente não é quem é, Atento ao que sou e vejo, Torno-me eles e não eu. Cada meu sonho ou desejo É do que nasce e não meu. Sou minha própria paisagem; Assisto à minha passagem, Diverso, móbil e só, Não sei sentir-me onde estou. Por isso, alheio, vou lendo Como páginas, meu ser. O que sogue não prevendo, O que passou a esquecer. Noto à margem do que li O que julguei que senti. Releio e digo : "Fui eu ?" Deus sabe, porque o escreveu. I'm on a mission! Link to comment Share on other sites More sharing options...
Ganeisha Posted January 19, 2007 Share Posted January 19, 2007 Não sei quantas almas tenho Não sei quantas almas tenho. Cada momento mudei. Continuamente me estranho. Nunca me vi nem acabei. De tanto ser, só tenho alma. Quem tem alma não tem calma. Quem vê é só o que vê, Quem sente não é quem é, Atento ao que sou e vejo, Torno-me eles e não eu. Cada meu sonho ou desejo É do que nasce e não meu. Sou minha própria paisagem; Assisto à minha passagem, Diverso, móbil e só, Não sei sentir-me onde estou. Por isso, alheio, vou lendo Como páginas, meu ser. O que sogue não prevendo, O que passou a esquecer. Noto à margem do que li O que julguei que senti. Releio e digo : "Fui eu ?" Deus sabe, porque o escreveu. Adoro este poema... Na minha agenda, acho que de 2003, escrevi este poema logo na primeira página, para o ler sempre que quisesse. DJ Ganeisha Link to comment Share on other sites More sharing options...
Shivasplash Posted January 21, 2007 Share Posted January 21, 2007 Não sei quantas almas tenho Não sei quantas almas tenho. Cada momento mudei. Continuamente me estranho. Nunca me vi nem acabei. De tanto ser, só tenho alma. Quem tem alma não tem calma. Quem vê é só o que vê, Quem sente não é quem é, Atento ao que sou e vejo, Torno-me eles e não eu. Cada meu sonho ou desejo É do que nasce e não meu. Sou minha própria paisagem; Assisto à minha passagem, Diverso, móbil e só, Não sei sentir-me onde estou. Por isso, alheio, vou lendo Como páginas, meu ser. O que sogue não prevendo, O que passou a esquecer. Noto à margem do que li O que julguei que senti. Releio e digo : "Fui eu ?" Deus sabe, porque o escreveu. Adoro este poema... Na minha agenda, acho que de 2003, escrevi este poema logo na primeira página, para o ler sempre que quisesse. Sim diz tudo nele! Kin 169 Lua Cósmica Vermelha Persevero com o fim de purificar Transcendendo o fluxo Selo o processo da água universal Com o tom cósmico da presença Eu sou guiado pelo poder do espaço 'Dons me são oferecidos; eu sou a ferramenta de minha própria purificação.' CASTELO AMARELO SUL DO DAR Onda Encantada 13 Terra Vermelha HARMÔNICA 43 - PROCESSO ELéTRICO Spiritual Hi Tek Mellodrive Link to comment Share on other sites More sharing options...
Oink Posted January 21, 2007 Author Share Posted January 21, 2007 A felicidade exige valentia. "Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes mas, não esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo, e posso evitar que ela vá à falência. Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise. Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história. É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma. É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida. Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um "não". É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta. Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo..." Fernando Pessoa Dadas as circunstâncias em k a minha vida se encontra era mesmo isto k me estava a fazer falta... Eu sou shanti e jogo Mafia Wars Link to comment Share on other sites More sharing options...
Natti Posted January 22, 2007 Share Posted January 22, 2007 Porque combina bem com o dia de hoje... 'Cai chuva do céu cinzento' Cai chuva do céu cinzento Que não tem razão de ser. Até o meu pensamento Tem chuva nele a escorrer. Tenho uma grande tristeza Acrescentada à que sinto. Quero dizer-ma mas pesa O quanto comigo minto. Porque verdadeiramente Não sei se estou triste ou não, E a chuva cai levemente (Porque Verlaine consente) Dentro do meu coração. I'm on a mission! Link to comment Share on other sites More sharing options...
Natti Posted January 24, 2007 Share Posted January 24, 2007 Vive Vive, dizes, no presente, Vive só no presente. Mas eu não quero o presente, quero a realidade; Quero as cousas que existem, não o tempo que as mede. O que é o presente? É uma cousa relativa ao passado e ao futuro. É uma cousa que existe em virtude de outras cousas existirem. Eu quero só a realidade, as cousas sem presente. Não quero incluir o tempo no meu esquema. Não quero pensar nas cousas como presentes; quero pensar nelas como cousas. Não quero separá-las de si-próprias, tratando-as por presentes. Eu nem por reais as devia tratar. Eu não as devia tratar por nada. Eu devia vê-las, apenas vê-las; Vê-las até não poder pensar nelas, Vê-las sem tempo, nem espaço, Ver podendo dispensar tudo menos o que se vê. É esta a ciência de ver, que não é nenhuma. (Alberto Caeiro) I'm on a mission! Link to comment Share on other sites More sharing options...
pimpas Posted January 24, 2007 Share Posted January 24, 2007 Acho que sempre foi o heterónimo que mais gostei...o mais simples também Obrigado Natti do meu coração Se queres que a Vida te Sorria, que tal começares por sorrir...?!? Link to comment Share on other sites More sharing options...
detsail Posted January 24, 2007 Share Posted January 24, 2007 O Mistério do Mundo XI Nos vastos céus estrelados Que estão além da razão, Sob a regência de fados Que ninguém sabe o que são, Ha sistemas infinitos, Sóis centros de mundos seus, E cada sol é um Deus. Eternamente excluídos Uns dos outros, cada um É universo. Primeiro Fausto por Fernando Pessoa "In the absence of light, darkness will prevail..." Link to comment Share on other sites More sharing options...
Heidi Posted January 24, 2007 Share Posted January 24, 2007 E deixo aqui algumas frases do Livro do Dessassossego, para mim cheias de sentido, que andam sempre comigo no telemóvel (criei uma pasta para Fernado Pessoa!): «Vive a tua vida, não sejas vivido por ela.» «O criador do espelho envenenou a alma humana.» «Toda a vida da alma humana é um movimento na penumbra. Vivemos, num lusco-fusco da consciência, nunca certos com o que somos, ou com o que nos supomos ser.» «Sou do tamanho do que vejo (e não do tamanho da minha altura).» (Alberto Caeiro) «Passar dos fantasmas da fé para os espectros da razão é somente ter mudado de cela.» «Dar a cada emoção uma personalidade, a cada estado de alma uma alma.» «Deus é o existirmos e isto não ser tudo.» «O mundo exterior é evidentemente sensação. Nunca me esqueço do que sinto.» Felizmente tive a sorte de ter um professor de Português no Liceu que adorava Fernando Pessoa, e que passou horas e horas connosco a interpretar muitos poemas e prosa do escritor. Fernando Pessoa é simplesmente lindo! «Nada, senão o instante, me conhece...» Link to comment Share on other sites More sharing options...
Sérgio Walgood Posted January 24, 2007 Share Posted January 24, 2007 “Tenho pensamentos que, se pudesse revelá-los e fazê-los viver, acrescentariam nova luminosidade às estrelas, nova beleza ao mundo e maior amor ao coração dos homens.” Ajnavision Records Sergio Walgood @ Myspace.com Random Mode @ Myspace.com En Sof Link to comment Share on other sites More sharing options...
Natti Posted January 25, 2007 Share Posted January 25, 2007 II - O Meu Olhar O meu olhar é nítido como um girassol. Tenho o costume de andar pelas estradas Olhando para a direita e para a esquerda, E de, vez em quando olhando para trás... E o que vejo a cada momento É aquilo que nunca antes eu tinha visto, E eu sei dar por isso muito bem... Sei ter o pasmo essencial Que tem uma criança se, ao nascer, Reparasse que nascera deveras... Sinto-me nascido a cada momento Para a eterna novidade do Mundo... Creio no mundo como num malmequer, Porque o vejo. Mas não penso nele Porque pensar é não compreender ... O Mundo não se fez para pensarmos nele (Pensar é estar doente dos olhos) Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo... Eu não tenho filosofia: tenho sentidos... Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é, Mas porque a amo, e amo-a por isso, Porque quem ama nunca sabe o que ama Nem sabe por que ama, nem o que é amar ... Amar é a eterna inocência, E a única inocência não pensar... (Alberto Caeiro) I'm on a mission! Link to comment Share on other sites More sharing options...
Shivasplash Posted January 25, 2007 Share Posted January 25, 2007 “Tenho pensamentos que, se pudesse revelá-los e fazê-los viver, acrescentariam nova luminosidade às estrelas, nova beleza ao mundo e maior amor ao coração dos homens.” Kin 169 Lua Cósmica Vermelha Persevero com o fim de purificar Transcendendo o fluxo Selo o processo da água universal Com o tom cósmico da presença Eu sou guiado pelo poder do espaço 'Dons me são oferecidos; eu sou a ferramenta de minha própria purificação.' CASTELO AMARELO SUL DO DAR Onda Encantada 13 Terra Vermelha HARMÔNICA 43 - PROCESSO ELéTRICO Spiritual Hi Tek Mellodrive Link to comment Share on other sites More sharing options...
ॐ Myzõ! Posted January 25, 2007 Share Posted January 25, 2007 “Tenho pensamentos que, se pudesse revelá-los e fazê-los viver, acrescentariam nova luminosidade às estrelas, nova beleza ao mundo e maior amor ao coração dos homens.” gay, o homem eh meu! Djane Myzö (Blissful/Killa/Jet Lag/Full Moon Culture/Nostradamus/Boundless Music) MYZO Link to comment Share on other sites More sharing options...
Morgaine Posted January 29, 2007 Share Posted January 29, 2007 Gosto bastante de Margarido Pinto, no seu albúm a solo "Apontamento", tem faixas cuja letra é da obra poética de Fernando Pessoa e dos seus heterónimos. São as faixas "Não Digas Nada", "Apontamento" e "Na Véspera de Não Partir Nunca". Vou deixar aqui os poemas: "Não: não digas nada!" - Fernando Pessoa (Cancioneiro) Não: não digas nada! Supor o que dirá A tua boca velada É ouvi-lo já É ouvi-lo melhor Do que o dirias. O que és não vem à flor Das frases e dos dias. És melhor do que tu. Não digas nada: sê! Graça do corpo nu Que invisível se vê. "Apontamento" - Álvaro Campos A minha alma partiu-se como um vaso vazio. Caiu pela escada excessivamente abaixo. Caiu das mãos da criada descuidada. Caiu, fez-se em mais pedaços do que havia loiça no vaso. Asneira? Impossível? Sei lá! Tenho mais sensações do que tinha quando me sentia eu. Sou um espalhamento de cacos sobre um capacho por sacudir. Fiz barulho na queda como um vaso que se partia. Os deuses que há debruçam-se do parapeito da escada. E fitam os cacos que a criada deles fez de mim. Não se zanguem com ela. São tolerantes com ela. O que era eu um vaso vazio? Olham os cacos absurdamente conscientes, Mas conscientes de si mesmos, não conscientes deles. Olham e sorriem. Sorriem tolerantes à criada involuntária. Alastra a grande escadaria atapetada de estrelas. Um caco brilha, virado do exterior lustroso, entre os astros. A minha obra? A minha alma principal? A minha vida? Um caco. E os deuses olham-o especialmente, pois não sabem por que ficou ali. "Na Véspera"-Álvaro Campos Na véspera de não partir nunca Ao menos não há que arrumar malas Nem que fazer planos em papel, Com acompanhamento involuntário de esquecimentos, Para o partir ainda livre do dia seguinte. Não há que fazer nada Na véspera de não partir nunca. Grande sossego de já não haver sequer de que ter sossego! Grande tranqüilidade a que nem sabe encolher ombros Por isto tudo, ter pensado o tudo É o ter chegado deliberadamente a nada. Grande alegria de não ter precisão de ser alegre, Como uma oportunidade virada do avesso. Há quantas vezes vivo A vida vegetativa do pensamento! Todos os dias sine linea Sossego, sim, sossego... Grande tranqüilidade... Que repouso, depois de tantas viagens, físicas e psíquicas! Que prazer olhar para as malas fítando como para nada! Dormita, alma, dormita! Aproveita, dormita! Dormita! É pouco o tempo que tens! Dormita! É a véspera de não partir nunca! if i had the chance, i'd ask the world to dance Link to comment Share on other sites More sharing options...
DigitalSelf Posted January 29, 2007 Share Posted January 29, 2007 Para quem realmente gosta de Fernando Pessoa pode encontrar alguns dos poemas dele em dvd ou até mesmo em música interpretados pelo projecto Wordsong. Wordsong - Al Berto e Wordsong - Pessoa "Com Wordsong, a 101 Noites abriu nova colecção que pretende criar um diálogo entre a música e a poesia contemporânea. Al Berto foi o poeta homenageado neste primeiro trabalho. O resultado é um livro ilustrado com um CD com quinze canções em formato pop rock, onde a música se apropria da palavra escrita. Wordsong é constituído por dois objectos que se complementam e interagem: um livro de poemas ilustrado com fotografias e desenhos e um CD com quinze canções inéditas.?" "Só os que procuram o absurdo atingem o impossível." Link to comment Share on other sites More sharing options...
Natti Posted January 30, 2007 Share Posted January 30, 2007 Como é por dentro outra pessoa Como é por dentro outra pessoa Quem é que o saberá sonhar? A alma de outrem é outro universo Como que não há comunicação possível, Com que não há verdadeiro entendimento. Nada sabemos da alma Senão da nossa; As dos outros são olhares, São gestos, são palavras, Com a suposição de qualquer semelhança No fundo. (Fernando Pessoa) I'm on a mission! Link to comment Share on other sites More sharing options...
Alberto Caeiro Posted February 2, 2007 Share Posted February 2, 2007 Às vezes, em dias de luz perfeita e exacta Às vezes, em dias de luz perfeita e exacta, Em que as coisas têm toda a realidade que podem ter, Pergunto a mim próprio devagar Porque sequer atribuo eu Beleza às coisas. Uma flor acaso tem beleza? Tem beleza acaso um fruto? Não: têm cor e forma E existência apenas. A beleza é o nome de qualquer coisa que não existe Que eu dou às coisas em troca do agrado que me dão. Não significa nada. Então porque digo eu das coisas: são belas? Sim, mesmo a mim, que vivo só de viver, Invisíveis, vêm ter comigo as mentiras dos homens Perante as coisas, Perante as coisas que simplesmente existem. Que difícil ser próprio e não ser senão o visível! Alberto Caeiro Há metafísica bastante em não pensar em nada. Link to comment Share on other sites More sharing options...
Natti Posted February 2, 2007 Share Posted February 2, 2007 Longe de mim em mim existo Longe de mim em mim existo À parte de quem sou, A sombra e o movimento em que consisto. (Fernando Pessoa) I'm on a mission! Link to comment Share on other sites More sharing options...
Natti Posted February 8, 2007 Share Posted February 8, 2007 O Amor é uma Companhia O amor é uma companhia. Já não sei andar só pelos caminhos, Porque já não posso andar só. Um pensamento visível faz-me andar mais depressa E ver menos, e ao mesmo tempo gostar bem de ir vendo tudo. Mesmo a ausência dela é uma coisa que está comigo. E eu gosto tanto dela que não sei como a desejar. Se a não vejo, imagino-a e sou forte como as árvores altas. Mas se a vejo tremo, não sei o que é feito do que sinto na ausência dela. Todo eu sou qualquer força que me abandona. Toda a realidade olha para mim como um girassol com a cara dela no meio. Alberto Caeiro I'm on a mission! Link to comment Share on other sites More sharing options...
Natti Posted March 1, 2007 Share Posted March 1, 2007 Reticências Arrumar a vida, pôr prateleiras na vontade e na acção. Quero fazer isto agora, como sempre quis, com o mesmo resultado; Mas que bom ter o propósito claro, firme só na clareza, de fazer qualquer coisa! Vou fazer as malas para o Definitivo, Organizar Álvaro de Campos, E amanhã ficar na mesma coisa que antes de ontem — um antes de ontem que é sempre... Sorrio do conhecimento antecipado da coisa-nenhuma que serei. Sorrio ao menos; sempre é alguma coisa o sorrir... Produtos românticos, nós todos... E se não fôssemos produtos românticos, se calhar não seríamos nada. Assim se faz a literatura... Santos Deuses, assim até se faz a vida! Os outros também são românticos, Os outros também não realizam nada, e são ricos e pobres, Os outros também levam a vida a olhar para as malas a arrumar, Os outros também dormem ao lado dos papéis meio compostos, Os outros também são eu. Vendedeira da rua cantando o teu pregão como um hino inconsciente, Rodinha dentada na relojoaria da economia política, Mãe, presente ou futura, de mortos no descascar dos Impérios, A tua voz chega-me como uma chamada a parte nenhuma, como o silêncio da vida... Olho dos papéis que estou pensando em arrumar para a janela, Por onde não vi a vendedeira que ouvi por ela, E o meu sorriso, que ainda não acabara, inclui uma crítica metafisica. Descri de todos os deuses diante de uma secretária por arrumar, Fitei de frente todos os destinos pela distração de ouvir apregoando, E o meu cansaço é um barco velho que apodrece na praia deserta, E com esta imagem de qualquer outro poeta fecho a secretária e o poema... Como um deus, não arrumei nem uma coisa nem outra... Álvaro de Campos I'm on a mission! Link to comment Share on other sites More sharing options...
Marinni Posted March 2, 2007 Share Posted March 2, 2007 FerNando PeSSoa é inCriVel* (L)ook to the (S)ky with (D)iamond eyeS* marinagomes46@hotmail.com Link to comment Share on other sites More sharing options...
Avózinha.Susto Posted March 3, 2007 Share Posted March 3, 2007 Bom tópico!! um dos meus preferidos vem das Odes de Ricardo Reis: Vem sentar-te comigo Lídia, à beira do rio. Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas. (Enlacemos as mãos.) Depois pensemos, crianças adultas, que a vida Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa, Vai para um mar muito longe, para ao pé do Fado, Mais longe que os deuses. Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos. Quer gozemos, quer nao gozemos, passamos como o rio. Mais vale saber passar silenciosamente E sem desassosegos grandes. Sem amores, nem ódios, nem paixões que levantam a voz, Nem invejas que dão movimento demais aos olhos, Nem cuidados, porque se os tivesse o rio sempre correria, E sempre iria ter ao mar. Amemo-nos tranquilamente, pensando que podiamos, Se quise'ssemos, trocar beijos e abrac,os e carícias, Mas que mais vale estarmos sentados ao pé um do outro Ouvindo correr o rio e vendo-o. Colhamos flores, pega tu nelas e deixa-as No colo, e que o seu perfume suavize o momento - Este momento em que sossegadamente nao cremos em nada, Pagãos inocentes da decadência. Ao menos, se for sombra antes, lembrar-te-as de mim depois Sem que a minha lembrança te arda ou te fira ou te mova, Porque nunca enlaçamos as mãos, nem nos beijamos Nem fomos mais do que crianças. E se antes do que eu levares o o'bolo ao barqueiro sombrio, Eu nada terei que sofrer ao lembrar-me de ti. Ser-me-ás suave à memória lembrando-te assim - à beira-rio, Pagã triste e com flores no regaço. Lindo não é? Fernando Pissa é grande cena! Link to comment Share on other sites More sharing options...
Ganeisha Posted March 3, 2007 Share Posted March 3, 2007 Fernando Pissa é grande cena! Opá isso diz-se? A tratar mal o nome do maior poeta português! O que tu queres da Lidia sei eu! DJ Ganeisha Link to comment Share on other sites More sharing options...
Avózinha.Susto Posted March 3, 2007 Share Posted March 3, 2007 Fernando Pissa é grande cena! Opá isso diz-se? A tratar mal o nome do maior poeta português! O que tu queres da Lidia sei eu! Quero o leito dela, mas sem desassossegos grandes, tá? Link to comment Share on other sites More sharing options...
good luck Posted March 12, 2007 Share Posted March 12, 2007 santa hipocrisia... o fernando pessoa é um génio e toda a gente o adora porque criou heterónimos e através deles, em vez de uma perspectiva conseguiu colocar-se em diversas perspectivas, conseguiu transmitir o mundo nos olhos de diferentes pessoas .... mas aqui no elastik uma pessoa cria heterónimos (leia-se clones), coloca-se em diferentes perspectivas e vê a reacção das pessoas ás diversas faces com que se deparam e já ninguém axa piada... axo k só kuando morrer é k me vão dar o devido valor... Link to comment Share on other sites More sharing options...
Avózinha.Susto Posted March 12, 2007 Share Posted March 12, 2007 santa hipocrisia... o fernando pessoa é um génio e toda a gente o adora porque criou heterónimos e através deles, em vez de uma perspectiva conseguiu colocar-se em diversas perspectivas, conseguiu transmitir o mundo nos olhos de diferentes pessoas .... mas aqui no elastik uma pessoa cria heterónimos (leia-se clones), coloca-se em diferentes perspectivas e vê a reacção das pessoas ás diversas faces com que se deparam e já ninguém axa piada... axo k só kuando morrer é k me vão dar o devido valor... Isso só era verdade se tu escrevesses alguma coisa de jeito. Link to comment Share on other sites More sharing options...
Marinni Posted March 13, 2007 Share Posted March 13, 2007 santa hipocrisia... o fernando pessoa é um génio e toda a gente o adora porque criou heterónimos e através deles, em vez de uma perspectiva conseguiu colocar-se em diversas perspectivas, conseguiu transmitir o mundo nos olhos de diferentes pessoas .... mas aqui no elastik uma pessoa cria heterónimos (leia-se clones), coloca-se em diferentes perspectivas e vê a reacção das pessoas ás diversas faces com que se deparam e já ninguém axa piada... axo k só kuando morrer é k me vão dar o devido valor... Isso eRa do óPio!! (L)ook to the (S)ky with (D)iamond eyeS* marinagomes46@hotmail.com Link to comment Share on other sites More sharing options...
good luck Posted March 13, 2007 Share Posted March 13, 2007 não é escrever ou não escrever algode jeito rapaz... é a contradição de gostar dos heterónimos do pessoa (e das suas diferentes perspectivas) mas já não gostar de clones (e das suas diferentes perspectivas)... soa a falso percebes? ya, gostar de fernando pessoa é xamanico, vamos la izer que gostamos da sua obra... Link to comment Share on other sites More sharing options...
shivaya_ Posted May 2, 2007 Share Posted May 2, 2007 Segue o teu destino Segue o teu destino, Rega as tuas plantas, Ama as tuas rosas. O resto é a sombra De árvores alheias. A realidade Sempre é mais ou menos Do que nós queremos. Só nós somos sempre Iguais a nós-próprios. Suave é viver só. Grande e nobre é sempre Viver simplesmente. Deixa a dor nas aras Como ex-voto aos deuses. Vê de longe a vida. Nunca a interrogues. Ela nada pode Dizer-te. A resposta Está além dos deuses. Mas serenamente Imita o Olimpo No teu coração. Os deuses são deuses Porque não se pensam. Ricardo Reis Link to comment Share on other sites More sharing options...
Natti Posted May 31, 2007 Share Posted May 31, 2007 Tomamos a Vila depois de um Intenso Bombardeamento A criança loura Jaz no meio da rua. Tem as tripas de fora E por uma corda sua Um comboio que ignora. A cara está um feixe De sangue e de nada. Luz um pequeno peixe — Dos que bóiam nas banheiras — À beira da estrada. Cai sobre a estrada o escuro. Longe, ainda uma luz doura A criação do futuro... E o da criança loura? Fernando Pessoa (Cancioneiro) Apesar de muito triste e até móbido, este sempre foi e será um dos meus poemas preferidos de sempre, não só de Fernando Pessoa. I'm on a mission! Link to comment Share on other sites More sharing options...
Psiconauta Posted May 31, 2007 Share Posted May 31, 2007 Fortíssimo!!!!!!! Um tipo fica assim meio meio Link to comment Share on other sites More sharing options...
Jimi_Triposo Posted June 5, 2007 Share Posted June 5, 2007 Sonhe com Estrelas Sonhe com estrelas, apenas sonhe Elas só podem brilhar no céu. Não tente deter o vento Ele precisa correr por toda parte Ele tem pressa de chegar, sabe-se lá aonde. As lágrimas? Não as seque! Elas precisam correr Na minha, na sua, em todas as faces. O sorriso! Esse, você deve segurar! Não o deixe ir embora, agarre-o! Persiga um sonho Não o deixe viver sozinho. Alimente a sua alma com amor Cure as suas feridas com carinho. Descubra-se todos os dias Deixe-se levar pelas vontades Mas, não enlouqueça por elas. Abasteça seu coração de fé. Não a perca nunca. Alague seu coração de esperanças Mas, não deixe que ele se afogue nelas. Se achar que precisa voltar, volte! Se perceber que precisa seguir, siga! Se estiver tudo errado, comece novamente. Se estiver tudo certo, continue. Se sentir saudades, mate-as. Se perder um amor, não se perca! Se o achar, segure-o! Circunda-se de rosas, ama, bebe e cala. O mais é nada. O amor é melhor do que a paz. Eu sou pelo amor... Link to comment Share on other sites More sharing options...
Natti Posted June 5, 2007 Share Posted June 5, 2007 Última Estrela Última estrela a desaparecer antes do dia, Pouso no teu trêmulo azular branco os meus olhos calmos, E vejo-te independentemente de mim; Alegre pelo critério (?) que tenho em Poder ver-te Sem "estado de alma" nenhum, sonho ver-te. A tua beleza para mim está em existires A tua grandeza está em existires inteiramente fora de mim. (Alberto Caeiro) I'm on a mission! Link to comment Share on other sites More sharing options...
stantans Posted June 5, 2007 Share Posted June 5, 2007 acho k o melhor livro do fernando pessoa é mesmo o livro do desassossego, muito bonito o livro iluminações STROBES & PURPURINAS - catálogo por pm Link to comment Share on other sites More sharing options...
tribolik Posted June 6, 2007 Share Posted June 6, 2007 depende da edição se é a forrada a couro ou a de capa fina, e se abrires o livro vais ver que a leitura do mesmo também poderá ser bastante agradavel http://myspace.com/tribolik BREVEMENTE EM PORTUGAL DJ SPRiTZ... até te salta a tampa bookings spritz@live.com.pt Link to comment Share on other sites More sharing options...
Psiconauta Posted June 6, 2007 Share Posted June 6, 2007 Link to comment Share on other sites More sharing options...
stantans Posted June 7, 2007 Share Posted June 7, 2007 o meu livro é o da edição mais barata e dividida em duas, mas não deixa de ser bonito por isso! iluminações STROBES & PURPURINAS - catálogo por pm Link to comment Share on other sites More sharing options...
Snot cutebreakz Posted June 8, 2007 Share Posted June 8, 2007 Ja os li quase todos em portugues, agora comprei ums livros do fernando pessoa em frances, para ser sincero, nao tem NADA a ver, mas prontos, a finalidade ta sempre la, as palavras usadas tb nao sao, na minha opiniao as melhores, podiam usar outras, que talvez tinham outro impacto, mas é a minha opiniao. é sempre bom ler noutra lingua, ja nem parece a mesma coisa, sem deixar de ser bom lol "Mince est l'espace qui nous éloigne Ce que nous devrons être à notre mort. Nous ne savons pas qui sera alors Celui-là qu'aujourd'hui nous sommes. Seul le passé, par nous comme lui partagé, Sera le signe que persiste la même âme Et que, maîtresse antique, puisqu'aussi bien nous sommes Chrétiens, elle nous attend vigilante." Nao encontrei o em portugues, nem sei qual é, mas é do ricardo reis Link to comment Share on other sites More sharing options...
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