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Para Lá Caminhamos!


izanami
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Este artigo analisa e bem uma realidade que não acontece só em França.

 

Sinais

 

França vive os efeitos de enormes sintomas de contestação social. No fim-de-semana, mais de 160 manifestações nas principais cidades deste parceiro do clube de países mais ricos do Mundo bradaram contra o Governo e as suas reformas sociais. O CPE, ou seja o Contrato Primeiro Emprego, parece só ser, por agora, o motivo mobilizador das centenas de milhar de cidadãos. Mas esse é o motivo. As razões de uma evidente onda de "revolta social" são muito mais profundas.

 

Estas manifestações são o segundo ensaio forte da contestação popular. Há poucos meses, todos ainda estamos lembrados dos distúrbios provocados por milhares de indivíduos que transformaram muitos bairros em verdadeiros campos de batalha, incendiando milhares de automóveis.

 

Roland Barthes, esse grande descodificador das mitologias desses "gloriosos anos sessenta", dizia que o automóvel era o objecto mais concretizador de um exorcismo de promoção social. O automóvel, "esse superlativo do bestiário do poder", tornou-se "espiritual, mais objectivo… mais doméstico… mais de acordo com as nossas artes caseiras contemporâneas".

 

Os actos mais objectivos podem ser marcados por uma profunda dose de inconsciência. Mas não deixam de ter um sentido. Aqueles que queimam os automóveis pouco pensam nisto, obviamente. Porém, àqueles que, de fora, vêem a objectivação deste ódio de revolta nesse utensílio técnico, símbolo do progresso de uma civilização, pode-lhes ser permitida a interpretação de que a investida contra os automóveis é a raiva, não contra o objecto, mas contra os sujeitos criadores daquele utensílio que simboliza o progresso, mas não trouxe o desenvolvimento social, cultural, humano àqueles que desesperadamente os incendeiam.

 

Agora, em Paris, ou nos outros centros urbanos de uma pátria que das liberdades, igualdades e fraternidades se decantava, é a revolta daqueles que foram preparados para trabalhar e não encontram trabalho. Pelo menos o trabalho e nas condições que queriam e, um dia, imaginaram.

 

Os estados modernos e democráticos trouxeram (e bem ditas sejam a hora e a acção) da ignorância das letras ou das vidas duras das aldeias grandes massas. Deram-lhes escola. Aliciaram-nos que era para, um dia, terem uma profissão. Dela viverem e ganhar a vida. Agora, não têm trabalho para lhes dar. Para evitar que eles, desempregados, façam hordas imensas sem saber o que fazer, ou fazer o que não interessa, arranjam-lhes "condições especiais" para um primeiro emprego, uma primeira ocupação.

 

Aquilo que se está a passar é muito mais sério do que a leveza desta escrita sobre o assunto. Vivemos uma época que se afunda nas suas contradições. Há um modelo social de construção do progresso e desenvolvimento que, se não falhou rotundamente, tem brechas por todo o lado. E governos de Direita ou de Esquerda ou sobretudo de Esquerda à Direita têm de acordar para a crepitação de uma situação que dá sinais de perigo de explosão social.

 

Os sinais que vêm de França merecem ser levados a sério. Os avisos destas "tempestades de rua", reunindo num protesto único sindicatos e estudantes, são tão perigosos como as aves mortas a anunciar devastadoras pandemias de gripe. E o que se passa em França pode não ser exemplo, mas é "sinal de alarme" na Europa e para a Europa.

 

JN, Artigo de Paquete de Oliveira, sociólogo.

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quem semeia ventos colhe tempestades e o governo francês é perito nisso... enquanto a frança á uns anos era a quimera para os povos menos desenvolvidos (nós incluido visto sermos só em paris 1 milhão) agora que a sua economia está deveras fraca isso reflecte-se no desemprego e todas essas coisas, reflectindo-se tb nas classes mais baixas porque são estas que não conseguem arranjar emprego...

os estudantes embora muitos pertencem a esta classe reinvidincam apenas uma proposta de lei que vai contra os seus interesses não creio que seja uma manifestação social... mas é claro que tb uma coisa leva a outra mas não penso que nós sejamos afectados por isso...porque pior do que aquilo que estamos é impossivel :D

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Gostei bastante do texto!

Continuo a achar que o problema principal se prende do circulo vicioso que o comércio inevitavelmente se tornou.

Parece-me muito bem conseguida a analogia sobre o automóvel como simbolo do anti-progresso e como objecto impessoal que caracteriza o capitalisto desgovernado da globalização.

No canal odisseia deu recentemente um documentário sobre o projecto de David Griswold, fundador e presidente do Fairtrade (Comércio Justo) e impercionou-me a maneira como defende o seu projecto rejeitando o rotulo de projecto de beneficiência, dizendo que o que ele pretende não é ajudar uns pobres coitados da misério em Chiapas no México mas sim criar um sistema JUSTO de comércio, permitindo que os produtores tenham o seu ganha pão independentemente das oscilações do preço do café cotado nas bolsas.

É um sistema que suprime os intermediários e que permite redistribuir o dinheiro feito na transacção, em beneficio do produtor, criando escolas, centros de saude e mecanismos de sustentabilidade ao redor daquele que trabalha a terra ou fabrica o produto.

neste caso é o café na região de Chiapas no México, mas o fairtrade já se espandiu para africa nomeadamente a produtores de artesanato e etc.

 

Não pretendo desviar-me do tema mas parece-me que está interligado.

 

excelente tópico!

 

FAIRTRADE

 

 

:)

"INTERVAL" . ELECTRONIC, CINEMATIC & ACUSTIC AMBIENT

 

http://soundcloud.com/m-ms/interval-origami-sound

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O que se passa em França neste momento esta a trespassar largamente todos os limites de civismo e racionalismo ... Todos os motivos sao poucos para vandalizar, destruir e insultar. Eu até posso compreender a revolta de algumas pessoas contra o CPE, mas tb n é caso para tanta destruiçao e violencia. O que tb esta a causar mta confusao é o facto desta lei ser favoravel aos desfavorecidos ( pessoas de classe social baixa e que tem mtas dificuldades em arranjar emprego ) porque lhes vai propocionar mais postos de emprego e mm que n fiquem efectivos, ao menos conseguiram trabalhar uns meses e juntar algum dinheiro. Quanto aos estudantes ja começo a estar de acordo com o meu namorado, que diz que eles so se estao a revoltar contra esta Lei para estarem seguros nos seus empregos e n se terem k preocupar mto com o que fazem ou deixam de fazer no trabalho. Para pessoas activas e eficientes, que tem noçao da sua capacidade de trabalho, nao percebo esta revolta tao grande, porque ao fim de dois anos de ensaio para efectivaçao na empresa ou no posto de trabalho, se os patroes tiverem contentes e satisfeitos com a produtividade e prestaçao do seu empregado é obvio k vai ficar efectivo. Esta lei tb é de certa forma uma forma de motivar mais as pessoas na competitividade empresarial e laboral, para que o lucro laboral seja maior tanto para os empregadores como para os empregados, que logo vai ajudar na economia e produtivivade do paìs. Além disso o CPE tb promove estagios e formaçao remunerados que podem ser mto beneficos para pessoas sem estudos e sem experiencia laboral.

 

Eu, como vivo em França, estou a par e bastante ciente do que se esta a passar aqui neste momento e ja deu para perceber tb que os franceses (e nao estou de alguma forma a insulta-los ou a julga-los ) nao sao das pessoas mais trabalhadoras que existe. Eu vejo pela minha patroa e n so, que sempre que pode mete um dia de folga ou entao tira ferias ...

"For me there is only the traveling on paths with heart, on any path that may have heart. There I travel, and the only worthwhile challenge is to traverse its full lenght. And there I travel, looking, looking, breathlessly."

 

 

 

lua%20na%20agua.jpg

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Estas manifestaçoes, é apenas uma continuaçao dos motims de novembro que houve ca, mas que no fundo, nao tem nada a ver, porque os motims foram feitos por pessoas que realmente nao tem qualquer esperança num pais como é a frança, e estas manifestaçoes sao feitas por jovems de uma classe social muito mais importante da frança, que vivem bem!

E é assim, esses tais estudantes "revoltados" muitos deles tem trabalho garantido, proque a maioria sao das grandes escolas da frança, onde as empressas vao buscar os seus futuros empregados. E isto funciona assim, so nao precebo o porque de eles estarem a dar cara, quando nao sao eles os que estao directamente sujeito ao CPE.

E isso deu num confronto dos meninos da universidade, os filhos de grande empressarios, etc, contra os jovems dos suburbios, e deu mesmo grande bronca, depois veio um gajo a televisao dizer que nao precebia porque que eles fazem isso, se é para eles que eles lutem. Entao se o CPE, oferece formaçao, e se quizerem podem tb continuar a acabar os estudos, para quem nao tem os estudos requisitados para o trabalho, e tb o que nao se diz, é que nos 2 anso em que podem licenciar, o empregado licenciado ainda recebe ordenado durante 3 meses, o que da tempo de encontrar outro trabalho.

 

Ha 5 tipos de contrato em frança, O CDD, Contrat de Durée Déterminée, que é um contrato que por exemplo assina se por 1 ano, ou dependendo do requesitos da empresa; Depois a o Intérim, esse é de trabalho temporarios, que serve para em caso de um empressa tiver baixas, ou ter so preciso de alguem para compensar trabalho que tem a mais, mas que por exemplo do for assinado um contrato de 2 meses, nesses 2 meses podem despedir sem qualquer justificaçao (ndr é o contrato onde a maioria dos jovems vai); O CDI Contrat a Durée Indéterminée, que é o contrato que toda a gente quer, nao ha tempo limite imposta no contrato, esse se o empregador quizer despedir, tem que dar uma indemnizaçao, e tem que ser justificado. Prontos pus os 3 mais importantes os outros 2 sao meras "updates" destes que citei.

 

E é por isso que esses jovems andam tao revoltados, porque o que eles querem é ter um CDI, para poder faltar ao trabalho, nao fazer nada, tar a vontade para sair 10, 15 minutos mais cedo, e até as vezes mais. O que a dres disse, é verdade, aqui nao sao assim tao trabalhadores como em Portugal, nao estao a denegrir a imagem dos franceses, mas nos Portugueses tb nao somos perfeitos lol

 

Vou vos contar o que eu vivia aqui nos trabalhos que tive, num onde trabalhava mais um portugues, (nota: numa officina de automoveis, pintura) e era sempre nos que ficavamos mais uma ou as vezes duas horas a mais, nao porque o patrao pedia, porque eu, e ele pensavamos da mesma maneira, nao curto deixar trabalho atrasado, quanto mais se temos que entregar o carro no dia seguinte, eramos sempre nos a fechar a officina, que metiamos os carros dentro da officina etc, eu e ele nunca saimos ao mesmo tempo que os outros 20 empregados, que meia hora antes ja estavam a arrumar a faramenta <_<

E o patrao tb nao despedia, porque 1° era igual, e depois tb custa dinheiro despedir alguem com um CDI.

 

Aqui ha muitso desempregados, mas tb ha muito trabalho, o que muitos nao quer, é trabalhar, tem que ser todo como eles querem, e ha aqui uma leia que diz se alguem recusar 3 vezes um emprego proposto pelo centro d emprego, fica fora de centro de emprego, e ja nao ganho os subsidios, que para quem trabalhou 8 meses, a ganhar o ordenado minimo, o subsidio fica por cerca de 1000 euros :mellow: (quem quer trabalhar quando se ganha 1000 euros a coçar os tarecos?)

 

Isso é masé o mal de ter dinheiro por tudo e por nada, de terem tudo de mao beijada, e tudo de bom!!

 

Mal habituados, é o que sao!! <_<

 

 

 

:peace:

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é óbvio que este tipo de países que geração pós geração sempre tiveram um estado que se preocupava com os seus habitantes, daí vir o desenvolvimento económico e social (para mim são as bases que fazem mover uma sociedade). casos da França, inglaterra, alemanha e países nórdicos sempre tiveram os seus pibs equilibrados e sem défice, acontece que por causa desta união entre os europeus, os mais ricos tiveram que tirar dos seus cofres quantias exorbitantes para países como (portugal, Grécia, espanha, etc.), e só agora é que se começa a ver os buracos ecomómicos que estes países começam a ter...

e depois vêm os ajustamentos desses países ricos face á recessão, ajustamentos esses que vão contra o nível a que as pessoas estão acostumadas, reparem na alemanha o desemprego atinge recordes (impensável para os alemães nos anos 90) as empresas fazem ajustes ou seja despedem pessoas, na frança por exemplo a Alcatel já despediu milhres de pessoas, + uma vez o estado têm que suportar estes ajustes e isto é como uma bola de neve ao fim de vários anos os estados (seja que partido for) estão a tomar

medidas de força qual balão de oxigénio para respirarem e não ultrapassarem os tais 3% de défice máximo e não terem recessões económicas ou sanções da parte da UE...

Veremos estes casos nestes países hoje é a frança, amanha será a itália ou qualquer outro que não tenha tido a esperteza de meter os homens certos nos lugares certos para gerirem um país....

:stoned: :stoned: :stoned: :stoned: :stoned: :stoned: :stoned: :stoned:

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Sinceramente, acho que a análise desta situação a decorrer em França - com possibilidades de se alastrar - feita pelo autor, é sensata, à luz desta ciência.

 

Ele não é economista... provavelmente se o fosse, poderia defender erradamente, para Portugal, o fim do salário mínimo e do subsídio de desemprego (absurdos que li ainda na semana passada proferidos pelo Sr. Daniel Bessa) ou ainda, se estivesse na pele de um macro-economista, poderia dizer que essas potências europeias podem ter as suas economias enfraquecidas, mas que ao invés de Portugal, estas têm a capacidade de "arrancar"...

 

enfim, poderia também afirmar que apesar de todos termos orgulho de viver sob a égide de um Estado que apregoa a justiça social, esta fralha redondamente. Ou o Estado oferece condições para o aumento da qualidade de vida dos seus cidadãos, ou então, por que raio tenho eu de fazer os meus descontos alimentando o big fat charlie que se senta numa Assembleia da República, esta repleta de adeptos de jogos de computador?

 

Obviamente são necessárias condições para que se trabalhe. Seja aqui seja onde for. Não comento os tumultos em França. Comento o que se passa por cá: as más decisões, a inércia, o comodismo, a corrupção e os interesses, a burocracia... Vejo muito desemprego, nem tantas pessoas que não querem trabalhar. Vejo é pessoas que querem trabalhar mas também viver com dignidade.

 

E muitas jogadas típicas do empresariozinho português: quanto menos se pagar a pessoal, mais se aumenta o lucro, menos equidade haverá na distribuição da riqueza, mais ganha a empresa; quantas mais "fornadas" de estagiários melhor, menos se gasta em recursos humanos; há é que esgotar as capacidades dos colaboradores! exige-se o que as pessoas têm e o que não têm por salários patéticos. E bendito recibo verde que se pode prolongar durante anos e anos! Contratos e responsabilização para quê? Que precisa, submete-se.

 

Então as chamadas ao centro de emprego... é como se fosse permanentemente o "primeiro emprego", em desconsideração absoluta à formação da pessoa, e as tais "condições especiais" servem nada mais nada menos do que para diminuir o impacto percentual das taxas, especialmente em época de eleições.

 

Mas já lá vão os séculos da escravidão - achava eu. Penso que é necessário um Estado interventivo especialmente ao nível da formação e da canalização mais adequada dessa educação/ formação. Temos o caso das universidades... quantos mais alunos tiver uma escola, maior o financiamento. Porém, parece-me um disparate continuarem as muitas vagas no ensino superior - com o habitual desequilíbrio de número de alunos entre as escolas do litoral e do interior - quando, na verdade, as taxas de abandono escolar aumentam a olhos vistos no secundário. Há muitos licenciados desempregados e a mão-de-obra intermédia é agora mais valorizada.

 

Uma boa parte da população portuguesa desempregada e outra a auferir o salário mínimo nacional. Isto é que é o progresso? É de rir. Com rendas de habitação que atingem esses valores... é preciso ser-se ilusionista para se conseguir sobreviver por cá. No entanto, deparo-me com uma minoria opulenta a ganhar salários galácticos e porque se hão-de eles preocupar ou apertar o cinto? the boys have the Job.

 

Faz-me lembrar o que estudei sobre o Antigo Regime. O povinho levava às costas uma nobreza entediada. Não vejo muitas diferenças, excepto que essa minoria hoje diverte-se e bem.

 

Temos uma pirâmide representativa que estava até finais da década de 80 dividida em 3 partes: na base os mais pobres, a meio destacava-se uma fatia que retratava a classe média (média-alta e que parecia em ascensão) e, no topo, como corolário apareciam os mais ricos. Hoje, a classe média está a desaparecer, cedendo espaço, obviamente, para os empobrecidos. Ora isso resulta numa pirâmide dividida em dois: um topo de indivíduos de elevada liquidez suportado por uma base que concerne à pobreza.

 

No espaço de 7 anos, nunca houve tanto desemprego e acho que vamos continuar a bater records. Causa, efeito. Daqui vão surgir reacções.

 

Se eu ficar no desemprego temporário... serei eu um parasita por ter direito ao subsídio? Trabalhei, fiz os meus descontos e é, de facto, um direito que me assiste. Esses ilustres senhores iluminados no Governo querem-me fazer pensar que não.

 

Mais do que nunca são precisos pensadores.

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