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Guerra Ao Narcotráfico


goblinoid
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Poucos meses após a sua vitória sobre a Jugoslávia, o governo norte-americano já tem um novo alvo para sua intervenção "humanitária": a Colômbia. Como já afirmávamos em artigos durante a guerra da Jugoslávia, o imperialismo americano quer construir uma nova ordem mundial baseada na sua absoluta e indiscutível liderança. Para isto, é necessário que eles acabem com as situações "problemáticas" que ainda existem nas regiões mais estratégicas do planeta.

Agora é a vez de tentar acabar com os mais antigos grupos guerrilheiros ainda em dação no continente latino-americano: as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) e o Exército de Libertação Nacional (ELN) na Colômbia. Usando a desculpa de um suposto envolvimento destes grupos com o tráfico de drogas, os EUA estão, directa e indirectamente, aprofundando seu envolvimento no conflito.

Há mais de 40 anos, a Colômbia vive em uma guerra civil que já matou, somente nos últimos 15 anos, mais de 20 mil pessoas. O recente aumento dos choques entre guerrilha, exército (apoiado cada vez mais pelos EUA) (como é possivel um país ter como exército uma guerrilha?) e paramilitares de direita (apoiados por narcotraficantes, empresários e grandes latifundiários), junto com a crise económica que assola todos os países latino-americanos adeptos do neoliberalismo, fez com que a produção industrial do país caísse, apenas no primeiro semestre, 14,3%. O caso mais grave é o das fábricas, que trabalham somente com um quarto da sua capacidade produtiva.

Os EUA tentam fortalecer a autoridade do presidente colombiano Andrés Pastrana, bastante abalada pela crise que vive o país. As iniciativas de diálogo entre o governo e a guerrilha ainda não avançaram nenhum milímetro. O exército norte-americano já tem organizado um cerco à Colômbia. Além das suas bases no Panamá, estão instaladas ou em fase de construção, bases militares em Aruba, na Venezuela, Peru e Equador, além da própria Colômbia.

Somente neste ano, 300 milhões foram enviados como ajuda financeira para "combater o narcotráfico".

Mas a guerra contra o narcotráfico (desculpa para toda esta intervenção) é uma completa hipocrisia. Hoje, a Colômbia sozinha é responsável por 80% da produção de cocaína no mundo. O dinheiro do narcotráfico está em todas as instituições do Estado colombiano. Mesmo que algumas vezes, autoridades tenham que prender um ou outro traficante ou destruir algum laboratório clandestino, isto só serve para "livrar a cara". Recentemente, a mulher de um coronel norte-americano, que é um dos coordenadores das acções anti-tráfico na Colômbia, foi presa por usar o serviço postal do exército para enviar cocaína para os EUA. Da mesma forma, todos os funcionários da embaixada norte-americana em Bogotá estão sendo investigados pelo mesmo motivo.

Os paramilitares que são patrocinados, entre outros, pelos narcotraficantes, contam com a impunidade e mesmo a ajuda do Exército e da justiça. O ex-presidente Ernesto Samper foi apoiado financeiramente pelos traficantes na sua campanha eleitoral.

Os EUA não estão preocupados com a produção de drogas, mas com a consolidação do seu domínio no "quintal" da América Latina. As desculpas podem mudar (ajuda humanitária em Kosovo, drogas na América Latina) mas o objectivo é sempre o mesmo: aprofundar o processo de recolonização mundial para garantir os lucros das grandes corporações norte-americanas. (exxon e todas as petroquímicas adjacentes e não só)

 

EUA quer "força de paz" para intervir.

 

Apesar de todo o aparato militar montado pelos EUA na Colômbia e nos países vizinhos, é improvável que haja a curto prazo uma intervenção directa norte-americana no país. Da mesma forma que em Kosovo, tudo estará bem enquanto nenhuma vida americana for perdida. É a síndrome do Vietnam ainda presente.

Por outro lado, a Colômbia é uma situação mais difícil de se resolver. Com uma guerrilha dominando 40% do território, embrenhada nas selvas e montanhas do país, não é difícil imaginar as dificuldades e estragos que uma intervenção directa à lá Vietnam poderia trazer para os EUA.

Desta forma, a táctica norte-americana é outra. Além do financiamento do exército nacional colombiano, do envio de "assessores" militares e de armas modernas, os EUA querem a participação dos países sul-americanos numa "força de paz" na Colômbia. Na verdade, querem uma intervenção sob sua direcção, mas que sejam os soldados brasileiros, argentinos, peruanos, equatorianos e venezuelanos a tomarem os tiros. Os presidentes da Argentina, Carlos Menem e do Peru, Alejandro Toledo, já declararam que podem participar de uma suposta "força de paz" na região. Mas, eles sabem que isto não será nada fácil e poderia piorar a situação já problemática em seus próprios países, atolados na crise económica e política.

 

Uma perspectiva equivocada....

 

É fundamental que as organizações guerrilheiras tenham uma política direccionada ao movimento operário, estudantil e popular, chamando à solidariedade e apoio do conjunto dos movimentos populares do continente e em todo mundo para lutar contra essa ameaça de intervenção e barrar qualquer iniciativa dos governos latino-americanos de intromissão, mesmo que estejam disfarçadas de "iniciativas políticas".

 

Defesa de uma paz negociada?

 

Porém, um dos obstáculos para um triunfo da luta popular e da guerrilha é a orientação limitada da direção das organizações guerrilheiras. Elas parecem buscar uma paz negociada, com algumas diferenças da política oficial, mas aceitando conversações em que os árbitros sejam figuras dos governos burgueses latino-americanos, dos meios imperialistas ou da Igreja, e que não coloque em questão a natureza capitalista e submissa do Estado colombiano. Não se deve aqui cometer erros como a negociação entre a guerrilha de El Salvador e o governo local que na prática terminou numa verdadeira rendição política da Farabundo Marti e na manutenção das mesmas oligarquias no poder.

 

Bases capitalistas

 

As FARC, por exemplo, têm um programa que não coloca uma proposta socialista. Pelo contrário, sua perspectiva é a reconstrução do país sob bases capitalistas, aceitando até a grande propriedade e as multinacionais, limitando-se a defender uma nova distribuição da renda. O ELN tem um programa semelhante.

Essa limitação não impede que os revolucionários busquem estabelecer a mais ampla unidade de dação para derrotar a burguesia e o imperialismo que tentam afogar sua justa rebelião armada.

 

 

para quem gosta de ler sobre o inimigo... ;)

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Gostei do texto goblinoid.

Não sei se é da tua autoria mas está bastante conseguido.

Vivi muitos anos na Colômbia e sei bem do que fala esse texto.

Uma coisa é certa desde a queda do muro de Berlin que a financiação dos grupos Guerrilheiros (FARC e ELN) deixou de vir da União Sovietica, durante a decada dos noventa a perceguição a Pablo Escovar (Cartel de Medellin) e depois ao cartel de Cali fez com que os grupos guerrilheiros se apropriacem do negociose atravez do control dos terrenos de cultivo da planta de Coca.

Isto é um facto.

Depois disto têm havido novas ramificações dentro das duas organizações, jogos de poder e diferenças substânciais no comando das mesmas, o que não será dificil de entender já que o dinheiro da Coca é bem mais do que aquele que vinha da URSS para não se falar de que a dependência financeira deixou de existir.

Na realidade a sociedade Colombia necessita de guerrilha por mais que isto possa parecer errado.

A exploração dos recursos Colombianos por parte dos Estados Unidos e de grandes multinacionais é massiva, claro que não é só na Colômbia.

Tenho medo que a quantidade de dinheiro proveniente da Coca faça estragos aos mais idealistas...

 

Espero que não.

 

Quanto ao teu raciocínio relativamente ás verdadeiras intenções dos US Marchals estou plenamente de acordo, e não acho esta ideia nada Paranoica tipo teoria da conspiração, é só perceber quais as regras do mundo de hoje em dia, as regras do mercado, da influência politica, militar e económica.

É exactamente como uma empresa.

O estado Norte americano tb está a lutar para ombrear com as grandes multinacionais, ou melhor quer ser a multinacional por excelência.

 

:huh:

"INTERVAL" . ELECTRONIC, CINEMATIC & ACUSTIC AMBIENT

 

http://soundcloud.com/m-ms/interval-origami-sound

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